Desceram ao porão e se depararam com uma porta fechada que dava acesso, não sabiam a quê. Não havia maçaneta, tudo naquele navio fora construído com material que não existe mais na face da terra. Daniel soprou fortemente o orifício daquilo que poderia ser a fechadura. A porta se abriu, revelando uma câmera funerária, e os vestígios de um corpo, nos contornos da cinza óssea.
—Larga isso, Daniel
— Parece uma arma. O material sólido pode servir-nos para alguma coisa.
Uma presença estranha. Invisível, os acompanha.
— Sinto que não estamos só. A atmosfera ficou pesada, depois que...
— Sim, depois que pegamos essa coisa...
— Não é madeira, não é ferro. Parece mineral. Vou jogar fora!
— Não! Devolva à câmera. Ela é a dona. Façamos isso, antes que a noite caia como sentença de morte sobre nossas cabeças.
***
Adalberto Lima, fragmento de Estrela que o vento soprou.
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 01/03/2018
Código do texto: T6268253