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Contos-->Saudade de Mirabela (microconto) -- 07/11/2017 - 20:44 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Mesmo quando acaba o perfume,

o zeloso frasco ainda guarda

por muito tempo o cheiro.

 

A viúva arrumou as malas de couro cru, pôs em cada bruaca um pouco de goma, farinha e carne seca.   Vendeu tudo que tinha: porco, galo, pavão, peru e galinhas; cavalos, ovinos e todo o rebanho de gado vacum.  Vendeu também por pouco dinheiro a coleção de livros que Cláudio tinha e a fazenda que cobria grande parte do chão banhado pelos rios Juramento e Saracura. Escondeu na matula o dinheiro apurado  e tomou o trem na estação de Montes Claros com destino ao Rio de Janeiro.  Na cidade grande, Corina nem cogitou Copacabana ou Ipanema. Preferiu sonhar verde e morar na Tijuca, que lhe remonta lembranças  de Campo Grande. Saudosas lembranças também ela tinha do coco que Zé cantava a Mirabela e de todas as coisas belas de Minas.  Minas tem poeta, boa cachaça e artistas famosos nascidos naquele chão. Tem Tião Carreiro, ZÉ Coco do Riachão e muitos outros talentos gerados e crescidos na culinária montanhosa de arroz com pequi e tutu de feijão. Em Minas tem Carlos Drummond, João Guimarães e Santos, o  pai da aviação. Foi em Minas que Cláudio Manuel conquistou Corina, a glória que a Vitória da Conquista na Bahia, não lhe ofereceu. Ela nunca esqueceu a cena de morte quando Cláudio perdeu a vida e a vaca, numa encenação de campeio, para entregar o animal da aposta. Ninguém acreditou na versão que o baiano morreu no breu da noite, acidentado em um toco. Aquilo foi rixa com confrontantes! Sumia galinha da fazenda e as frutas desapareciam da chácara de Cláudio. Também o leite sumia. A vaca que dormia de úbero cheio,  acordava vazia.

Vaqueiro Zenofre contava à peonada e a filha do vaqueiro assuntava atrás da porta: “Morte besta teve seu “Claude”. Tudo por conta de uma aposta com o primo Joaquim. “Claude” casou Mimosa, a vaca que mais leite dava na fazenda, a troco de um rufião chamado boto-cor-de-rosa que nunca gerou uma cria. Claude dizia que Durão Preto não ganhava. E quando Preto ganhou a eleição  de Juramento, para honrar o nome, quis Claude entregar Mimosa e montou Xerém, burro brabo, amansado sem amansar. Asneira! Dizem que morreu estrepado num toco. Aquilo foi golpe de peixeira...

No velório de Cláudio,   Corina mandou servir chá com biscoito e dias depois, surgiu o zunzunzum que o homem  era santo, porque gente doente tinha curado resfriado, bronquite e reumatismo, depressão e muitos males respiratórios depois de tomar o chá-de-defunto.

 

***

Adalberto Lima, fragmento de “ Estrela que o vento soprou”

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