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Contos-->Novos céus, nova terra -- 23/05/2017 - 01:19 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A onça pintada, no quadro de parede, tinha a boca fechada; e uma gazela pastava a seu lado. O menino que antes  chorava no curral, agora dava risadas, enfiava a mão na boca da serpente, e retirava dali um pintinho chuviscado. Vivo. A galinha cacarejava e o gavião comia milho. Cachorro Graudez foi rebaixo a zero. Vintém elevou-se à categoria de tostão. Depois promovido a cruzado, cruzeiro...Mas foi rebaixado para cruzeiro novo, depois cruzado que não cruzava. Cresceu novamente tornando-se cão real. Mas a coroa que lhe deram, foi retirada. E ele desejou voltar ao tempo do mil réis e do vintém. Latia no purgatório. Choramingava. Nada podia fazer por si mesmo.

João Velho consulta o livro da vida e reescreve sua história:

— Não quero vaqueiro caçando onça! Vaqueiro é pra correr atrás de boi.

— Alguém viu Josélino?— Quis saber Euzébia.

—Foi colher lírio do vale com Smith e Reika.

—Quem é Reika?

— A cigana que passou por Campo Grande, e deixou o coração de nosso filho apertado.

— Nunca soube!

— Nem poderia, Euzébia! Há verdades que só podem ser reveladas após a morte.

— O coração do homem guarda muitos segredos.

— A mulher é toda mistério.

— Não sabia que cigano ia para o céu.

— Reika está aqui. Aquela tenda listrada é dela.

— Aquela é a tenda que você pôs abaixo com um chute?

— Não! Aquela parte foi apagada na confissão que fizemos na festa do vaqueiro na fazenda Campo Grande.

— E as onças que você matou. Também estão no céu?

— Até na lei dos homens é permitido matar, para salvar a própria vida. Deus respeita a lei dos homens, para que também os homens respeitem a lei de Deus.

— Bicho vai para o céu?

— Alguns! O cavalo que cochilava à beira da cerca, não compareceu.  Fingia-se doente. Era mentiroso. E foi mordido pela serpente.

— Não tenho certeza se os animais vão para o céu. Concluiu Euzébia.

— Como não vão para o céu? Depois dos muros abissais, tem um dragão lançando chamas e um leão rugindo.

— Ali não é o céu. Aquele é o dragão, a antiga serpente.

— Nossa, a serpente cresceu. Tornou-se dragão?

— Sim, mas tombará como Golias, por causa de sua arrogância. Aliás, já caiu. Os tempos celestes não conhecem o ontem nem o amanhã. Tudo é hoje. Por isso, Deus não olha nosso passado. Passado, presente e futuro, só existe no calendário dos homens.

***

Adalberto Lima, fragmento de Estrela que o vento soprou.

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