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Contos-->Enxugando lágrimas -- 10/05/2017 - 15:57 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



A voz narrativa calou-se extasiada. Cessaram os sinos que batiam, enquanto reescrevia  as últimas  páginas do enredo. Refazia cenas e cenários, quando deslizou o mouse sobre duas ou três linhas no  final do último capítulo. Não conferiu o que selecionara e clicou em recortar. Salvou, e desligou a máquina. No dia seguinte, ao retomar o enxugamento, seu livro tinha sumido, das 256 páginas, restavam apenas 23 palavras.





Chorou.





Passava as mãos nos olhos, limpava as lágrimas, mas não conseguia estancar o choro. Acabara de perder dez anos de trabalho. Precisava encontrar-se com Robert   e lamentar a perda de todo o trabalho produzido a quatro mãos.





O sol se punha sobre suas lembranças. Era hora acordada para  tomar a rodovia Rio—Petrópolis.





— Hoje não teremos ‘sarau’ no sítio  de Alice.





— Pelo visto, a amiga precisa dos serviços de um encanador. Há um rompimento no canal da graça, e todo teu rosto está banhado de sofrimento.





— Mesmo sob o peso da dor, é impossível segurar o riso, quando se tem diante dos olhos um humorista que faz do vale de lágrimas um cântico de louvor. Aceita um vinho?





— Só meia taça...





Ela precisava de estímulos externos para libertar o pomo de Adão preso na garganta. Serviu vinho para Robert  , e tomou suco de maracujá.





— Veja! Consegui reduzir ‘Tranças Congeladas’ numa só página.





Robert   não entendeu. Pensou que fosse uma resposta a sua insistente ideia de enxugar, enxugar sempre o livro, excluir personagens, eliminar capítulos...





— Jogou na lixeira?





— Se estivesse na lixeira, meu amigo! Seria fácil recuperar. Já consultei um técnico em informática. ‘Quando se recorta e salva, todo o texto selecionado, desaparece. Exala. Não há tábua de salvação. Perdemos o livro.





— Posso dar uma olhada nos arquivos?





— Ganhará um beijo se trouxeres de volta a família Generoso.





— Muitas vezes tropecei na tecnologia! Mas nem tanto assim, maninha. Meu Deus, Meus Deus! restaram apenas 23 palavras!





***





Adalberto Lima: Fragmento de Estrada sem fim (obra em construção)


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