Usina de Letras
Usina de Letras
36 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63156 )
Cartas ( 21349)
Contos (13300)
Cordel (10357)
Crônicas (22578)
Discursos (3248)
Ensaios - (10656)
Erótico (13589)
Frases (51642)
Humor (20169)
Infantil (5587)
Infanto Juvenil (4930)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141277)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6347)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->No rastro da onça -- 09/01/2017 - 20:38 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



João Velho afinou a ponta da zagaia com que abatera, quando ele era jovem, uma suçuarana na Furna da Onça. Calmamente, Japuaçu torcia as pontas do bigode, enquanto conferia se a malha de caroá era capaz de suster animal do porte de uma onça. Coube a Pururuca levar o mosquete e a respectiva forquilha de suporte. Ele levaria toda a tralha: água, mantimentos e a rede de caçador. Júnior de Dr. Adilson também foi, mas este não conta. Não era empregado da fazenda. Estava guardando férias em Campo Grande e quis entrar na infunca da onça, só por folia. O entusiasmo   era  dele, mas a carabina e a coragem eram do pai. 


 Pai Luís fica para tomar conta da plantação. Capistrano também não vai. Corre notícias de cigano andando nas redondezas. É  preciso botar sentido na fazenda. Cigano rouba o sol antes de nascer.


— Antes de nascer o sol  ou o cigano?


— Não me interrompa, Robert. Somos apenas um lápis nas mãos do onisciente — disse Ravenala.


— Não entendi.


— O que foi escrito, pode ser apagado. Mas a palavra uma vez proferida, não há como apagar. 


Robert apoiou o cotovelo na mesa, escorou o queixo com a mão espalmada e olhou para ela  com ar de reprovação.


— Onde queres chegar com esta prosa?


— Esqueça o grafite. Não consigo arredondar o pensamento. De que falávamos antes?


— Os vaqueiros estavam reunidos no alpendre da fazenda.


— Sim, sim!  Cada um conferia sua arma, sentindo o cheiro  de carne seca e torresmo socados no pilão. O tempo formava para chover e a sombra da noite caia como um toldo sobre as pálpebras dos vaqueiros.


— Tudo combinado para de manhã cedinho. Vamos descansar — disse Onofre.


Generoso ergueu a mão:


— Esperem! A cozinha tem alguma coisa para oferecer.


 Nhá Santa  trouxe café, e uma grande cuia com carne socada no pilão. Cada vaqueiro recebeu uma caneca esmaltada e uma colher de latão, limpa e reluzente como ouro. Generoso recebeu sua porção numa tigela de louça branca, com ramalhetes nos tons azul, vermelho e amarelo. Pôs seu copo de alumino no peitoril da varanda, despejou o conteúdo da tigela na cuia e comeu com os vaqueiros.


 — Nhá, disse ele — Devo tomar café quente em copo de alumínio?


Nhá Santa saiu dando rabanada. E trouxe uma caneca de louça.


Chovia fino. 


— Inté, patrão!


— Até!


Muitas vozes ecoaram: Inté...inté...inté...


Já em casa, Onofre gastou pedaço da noite planejado a incursão  na mata. Pensou no risco de serem surpreendidos por animal feroz: ‘ Onça é  bicho é astucioso. Anda sem fazer barulho e ataca de surpresa. 


O galo cantou três vezes. E três vezes Pururuca se mexeu na rede e não se levantou. Onofre perguntou ao patrão se podia dar um tiro pra cima.


— Atire!—  pensou —  a próxima compra na cidade vai ser um sino, um sino para acordar vaqueiro.
***
Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui