Usina de Letras
Usina de Letras
46 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63156 )
Cartas ( 21349)
Contos (13300)
Cordel (10357)
Crônicas (22578)
Discursos (3248)
Ensaios - (10656)
Erótico (13589)
Frases (51642)
Humor (20169)
Infantil (5587)
Infanto Juvenil (4930)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141277)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6347)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Amor selvagem (miniconto) -- 02/01/2017 - 13:00 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



 





Nas águas do rio Negro, Solimões  e Madeira.
Vi árvore inteira, boiando na correnteza.
Vi o homem exterminar sucupira, imbuia e candeia.
Fazer móvel e carvão,  com teu pulmão, coração e veia.




Teve vontade de soltar a índia capturada para que ela   se acostumasse logo com o pasto. Apinajé  alimentava-se de carne e fruta; legumes, aceitava não. Água bebeu desde o primeiro oferecimento. Estava presa por uma corda ao  coração do vaqueiro. Ninguém podia se aproximar da índia. Mas Onofre chegou perto. Perto demais do coração dela e ofereceu água numa cuité. Apinajé aceitou. Bebeu, e seu espírito ouviu a voz do  Deus de homem branco, saindo do coração do vaqueiro.



— Faz-me ouvir a tua voz, ó mais linda das mulheres — disse a alma do vaqueiro.


Éfeta!


E a torre de Babel desmoronou-se. Índia e vaqueiro falaram  a mesma língua.


— Posso não! O homem branco é  inimigo. Mata  mãe natureza, e nossa gente.


Nenhuma palavra humana é capaz de descrever o que Onofre viu e sentiu. Se a água servida numa cuia, abriu a mente da índia  e lhe trouxe recordações de sua tribo, Onofre não sabia. Nem sabia se também ele, teria sido levado a conhecer o céu como em novo Pentecostes. Sentiu  o amor escorrer   em seu coração, como água na ribeira. Seus ouvidos se abriram à voz da alma:


— Vaqueiro ter cheiro bom. Índia ter  cheiro de  bicho do mato.


— Índia ser bonita. Apinajé Maxacli ter cheiro de mata orvalhada. Cheiro de ovelha lavada de chuva,  leite fresquinho no curral e tupixaba molhada.


— Apinajé Caferana curar febre. Sangue quente na veia, correndo no corpo.


—Teu cheiro exala perfume de vassourinha varrendo  forno de biscoito caseiro. 


— Índia gostar de vaqueiro. Vaqueiro  gostar de índia. Soltar índia. Apinajé livre, espírito alegre.


— O patrão faz festa hoje de vaqueiro. Vaqueiro por corda no braço de índia. Índia ligada a vaqueiro. Vaqueiro casar índia. Índia casar vaqueiro.


Era a voz de Onofre soprada por sua alma sertaneja. Não há quem possa traduzir, fielmente,  a linguagem do coração. Nem precisa. Basta compreender com a alma.


— Índia alegrar festa de branco. Tocar cangoeira. Levar alegria, mandar recado pra Cuiarana. Apinajé ficar alegre curumim nascer alegre. Espírito de Cuiarana ficar  alegre...
***
Adalberto Lima - trecho de Estrada sem fim...
Imagem: Internet


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui