
A luz de emergência de uma viatura avança o sinal vermelho, disseminado medo com o som ensurdecedor da sirene.Conchita e Leonardo caminham ocultando seus vultos cambaios, visivelmente exaustos, afastando-se da cena do crime. Ela cobre a podridão de suas carnes com um vestido amarelo-ouro, na mão tem um corno que serve para beber, à cintura uma bolsa rota e um frango morto, preso pelas patas. A Ronda da Noite passa... Era Natal do ano de dois mil e quinze da Era Cristã. Ramayana foi assassinada. Ela nunca fora presa por pequenos furtos. Sempre alegava que acontecera apenas um esbarrão, e se passava por estudante, exibindo um livro que não lia. Cresceu de cima para baixo, como rabo de cavalo e, quando se envolveu com tráfico de drogas, o corporativismo do pai não prevaleceu. Foi apanhada pelo tenente Durão. Não adiantaram os protestos: “Sou filha de oficial.” Era verdade, a informação constava em seu RG. Esse registro em época de ditadura, salvou a pele de vários filhos de militares. Mas o tenente Durão era aroeira de sete cascas. Não levou em conta a paternidade da moça. Meteu-lhe algemas e a conduziu ao distrito policial.
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Texto: Adalberto Lima - Estrada sem fim...( em construção)
Imagem: Internet.
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