Usina de Letras
Usina de Letras
27 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63161 )
Cartas ( 21349)
Contos (13300)
Cordel (10357)
Crônicas (22578)
Discursos (3248)
Ensaios - (10656)
Erótico (13589)
Frases (51651)
Humor (20171)
Infantil (5588)
Infanto Juvenil (4932)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141277)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6349)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->PEQUENOS ABUTRES AVALIAM A PRESA -- 15/04/2016 - 13:23 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Volto à primeira quermesse e bebo até segurar postes. Agarro um dos mais inchados. Encosto-me. Ao meu lado dois meninos, treze anos, jogam pedras em uma garagem e conversam. Ouço o diálogo, ouço e parece que engulo os maribondos daquela casa em Diadema.


- Oh, cara, se tu quer comer a mina, tem que gastar dinheiro! afirma um dos meninos.


- Eu não quero gastar grana com piranha.

- Não é piranha, cara. É mulher! E tem que mostrar a grana. Ver que ela viu. Fazer volume da carteira na bunda não adianta.

Os dois têm o sentido da ostentação e da luxúria. Teorizam sobre a extorsão sexual. Tornaram-se aves de rapina. Avaliam carcaças sobre a planície.

Sinto-me deslocado. Perdi muito mais do que pensava sobre as mudanças do mundo. Alterações que incluíram esses dois meninos. E se alguém os ouvisse agora, tão prescritivos quanto certos crentes, anunciaria a criação da nova igreja do “Deus na livre necessidade orgástica dos pivetes”.

Um dos moleques mete a mão nas calças. Diz que vai embora. Puxa a pipa vermelha que carrega. É uma criança. Enrola a rabiola do brinquedo, examina a folha de seda, calça o chinelinho.


Eu também sou muito pequeno. Trabalhei no banco BBDC. Entrei na comunidade evangélica e não assinei apólices de seguro de vida. Agora minha vida não pode mais ser restituída.


Marina se escancara de vez. O romance não deu certo e o moleque descobriu a razão. A minha busca pela transcendência descobriu que aquele amor tinha a lógica financeira da igreja “ Deus é sabor”.


Recordo-me de uma frase da Bíblia: “As sombras cobrem a sua sombra, os salgueiros da torrente o rodearão”

Trecho do livro já publicado:"Deus, a ferida e a periferia"


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui