HELENA 
	 
	Pedro nunca iria, pela vida afora, esquecer aquela noite. Ele entrara 
	de vez na degradação, vencido pelo destino do país, com larga escala 
	de escuridão nos horizontes humanos. Agora estava querendo sair da 
	mulher com quem já mal falava. Tornaram-se estranhos, como se fossem 
	de espécie inimiga. Tinha nojo dela que não o pouvava sequer de soltar 
	seus ruídos na cama, 
	Não tinha nenhuma preocupação em ser agradável aquela selvagem. Além 
	disso, vivia sonhando com a Mona Lisa, o quadro de Leonardo Da Vinci. 
	Tornara-se um estranho para si mesmo. Naquela noite, queria chegar 
	tarde em casa, para não enfrentar o olhar de desprezo da mulher, a 
	quem meio que até já esquecera o nome. Detestava as panelas velhas, as 
	vasilhas de plástico, a subida do morro e os kilos de mantimentos 
	estocados como se ela esperasse o fim do mundo. Mais de trinta kilos 
	de alimentos, com as baratas e ratos a noite passando por cima. 
	 
	guerreira. Deixa eu pegar um salgado. To com fome. 
	-- Pode pegar. 
	Cada uma das mulhers pegou uma coxinha, maionese, ketchup. 
	-- O Xuxa, vai indo que daqui a pouco a gente se encontra lá. Dá cinco reais 
	para ela, gatinho, pra inteirar uma pedra. 
	Pedrodeu o dinheiro, com uma cara cínica. 
	-- Vai me fazer feliz hoje, hein. 
	-- E você, homem, bonito. O que tá fazendo ai sozinho? Ta perdido? Tu 
	parece um gato escaldado. 
	-- Sou escaldado sim. estou saindo de uma relação que não deu certo. 
	Tou bastante carente e precisando de carinho. Vai ser boazinha? 
	 
	-- Vou te dar, Gatinho, bastante carinho. Vamos na casa de meus 
	amigos. Lá é limpeza. cada um na sua. Tu bebe uma cerveja, eu fico na 
	onda e a gente faz um amor gostoso. Tou doida pra dar uma cheirada. 
	Vamos embora que a Xuxa já deve estar lá. 
	Pedro percebera que não havia saida para ele. Em casa, o inferno. Na 
	rua, o inferno. 
	Ao demonio se perderia, então. Danasse. 
	-- Lá é limpeza, mesmo? Olha lá, não quero problemas. Só quero dar uma relaxada. 
	-- Sou escaldado sim. estou saindo de uma relação que não deu certo. 
	Tou bastante carente e precisando de carinho. Vai ser boazinha? 
	 
	-- Vou te dar, Gatinho, bastante carinho. Vamos na casa de meus 
	amigos. Lá é limpeza. cada um na sua. Tu bebe uma cerveja, eu fico na 
	onda e a gente faz um amor gostoso. Tou doida pra dar uma cheirada. 
	Vamos embora que a Xuxa já deve estar lá. 
	Pedro percebera que não havia saida para ele. Em casa, o inferno. Na 
	rua, o inferno. 
	Ao demonio se perderia, então. Danasse. 
	-- Lá é limpeza, mesmo? Olha lá, não quero problemas. Só quero dar uma relaxada. 
	-- Essa é Helena. 
	Um dos drogados levantou-se, para deixar uma cadeira para ela ao lado de Pedro. 
	--- Tem pedra? - Perguntou a loura. 
	-- Tem gata, mas dá pra rolar um stripe? Nosso amigo ai está disposto 
	a colaborar com a gente. Rola ai um stripe para nós. 
	Pedro com a deixa não perdeu tempo. Pegou os seios da loura e 
	puxou-lhe a blusa. Beijou-a na boca e para sua surpresa foi foi 
	intensamente correspondido. Era um beijo doce, delicado, um dos mais 
	sublimes beijos femininos que tinha experimentado. 
	Pedro quase não acreditava. Um pouco de leite sai dos seios dela, doce 
	e quente, consolador. Ela havi tido bebe a pouco tempo. Helena não era 
	mesquinha 
	afetivamente e deixava a Pedro um mundo de delicias, parando apenas 
	para puxar um pouco sua Pedra. Tampouco se importava de estar ali com 
	os seios de fora. 
	Pedro, porém indagava de si para si, como poderia ter saido das trevas 
	para a luz, exatamente ali, naquele submundo. Helena e seu beijo o 
	nutriam. 
	nutriam. Não foi perversa com ele, dando ao mesmo tempo o mel e o fel, 
	como costumam fazer as mulheres. Era o beijo mais doce, ao menos um 
	dos mais profundos que já dera na vida. A negra logo voltou 
	chamando-a. 
	-- Você me liga, por favor? - Ele estendeu o cartão a ela, 
	melancólico. Dizia e alizava os cabelos loiros dela. 
	-- Vou ligar. Pode deixar. 
	Ele alisava-lhe ainda o que pode do ventre, enquanto ela levantava. O 
	desejo o fazia sofrer. Apaixonara-se para sempre naquele breve 
	encontro. Helena foi embora, ainda dando adeus com as mãos, por trás 
	da negra que fechava o portão . 
	da negra que fechava o portão . Minutos depois, um dos drogados surtou. 
	-- O que você quer? Já teve bebida, mulher. Quer dormir aqui?  Vai 
	embora - pegou um pedaço de pau e a Pedro, o drogado que ainda a pouco 
	era bom anfitrião havia se transfigurado em dêmonio. 
	Pedro ganhou a rua escura da madrugada. Nãos abia, no seu intimimo, 
	se Helena fora uma benção ou uma maldição.  "Domingo preciso ir a 
	missa" - Dizia de si para si. 
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