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 | Contos-->Suave aconchego -- 03/10/2013 - 05:40 (Brazílio) |  |  |  |  |  |
 | Quando a tarde caía, na sua hora mais sombria, o que mais doía não era o iminente 
 breu, que na certa viria, mas era a brevidade crespuscular que parecia deflagrar
 
 em minhas manas, LaToya e Labelle, aquele cigarrear de cotovias em par. Aquela
 
 cantoria.
 
 Cantavam em dueto, coisas assim como Os Sinos de São João, ou o "...na Itália eu
 
 vi, e traduzi..." e estou que cantassem afinadinhas, botando em cada canção, um
 
 pedacinho de cada coração. E cantavam geralmente junto à janela que dava para
 
 o quintal, numa indicação de que as galinhas, já empoleiradas, e o arvoredo, só
 
 com as copas ainda tenuemente iluminadas, gratos lhes ficavam pelos vespertinos
 
 trinados, sinalizando o bom momento para a reflexão e o recolhimento.
 
 Minha tristeza vinha quiçá de não poder me juntar às vozes e espantar assim -
 
 mais em mim - brava e galhardamente, o anoitecer iminente.
 
 Com pouco as luzes se acenderiam, mortiças que eram, mas portadoras daquele
 
 suave aconchego, digno de agradar a troiano e a grego, remetente ao sossego - se
 
 o não interrompesse o vôo erradio d`algum morcego.
 
 Rádio ligado, o que se ouvia era a Ave-Maria, pausada, pelo Júlio Louzada
 
 serenada.
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