Pobre? Não era.
Filhas de pais abastados pras bandas das Alagoas se dedicavam à criação de gados.
Aos 19 anos foi prometida em casamento ao filho de outro fazendeiro, juntar-se-iam as famílias MANHÃES e CARDINS.
MARIA ROSA, amava LUCIANO, o capataz da fazenda, viúvo, sem filhos, de bom caráter, dedicado aos Manhães.
Faltava apenas três meses para o casamento de Conceição, quando ela com Luciano fugiram para o sertão de Pernambuco, á bem distante, eles viveriam em paz. DESENGANO!
Traídos, como pensavam, seus pais não os perdoariam jamais.
Começou a perseguição. Os pais e irmãos tentavam reavê-la e castigar o capataz.
A relação entre os Cardins e Manhães foram cortadas.
02 de dezembro de 1840, numa tarde quente, Luciano e Maria rosa beijavam a filha nascida daquele amor que os levara a fugir de tudo e de todos e que desencadeou tanto ódio.
Os capangas de seu pai cercaram a fazenda e ali mesmo frente a ela e a filha mataram Luciano a tiros, a levaram algemada, ferida até seu pai como animal.
A filha pequena morreu logo de varíola. O pai cuspiu-lhe no rosto e a obrigou a comer os restos dos porcos...
Humilhada fugiu para a casa de uma tia que não fez por menos, a maltratou tanto que Maria se viu obrigada a vender seu corpo como prostituta para sobreviver.
Contraiu doenças venéreas, a tuberculose, rejeitada agora pelos homens que antes a viam linda, foi obrigada a mendigar um prato de comida. Vagava, como um pirilampo que acende à noite e apaga, apaga...
Com a morte do pai, seus irmãos a levaram pra casa, tarde demais.
Sua parte na herança fez ela uma doação aos asilos, ás casas onde cuidassem daquelas mães solteiras, das prostitutas.
Maria Rosa da Conceição, vítima da maldade dos coronéis de outrora, seu próprio pai, morreu em 1957.
No plano astral, organizou uma instituição protetora das prostitutas e moças livres desencarnadas e que nunca receberam ajuda neste plano.
Onde a maldade prevalece e onde ninguém se lembra de que o inferno existe.
Batendo a cabeça a esta entidade de força que cruza ruas, encruzilhadas da vida, morte.
MARIA MOLAMBO, ou melhor, MARIA ROSA DA CONCEIÇÃO.
SALVE SUA BANDA...
anaus, 06.03.1993
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Vítima por mais de 15 anos da violência no lar, não poderia calar-me diante de tantas outras que não tiveram a minha sorte. Escapei viva, mas tive muito medo. Não encontramos palavra amiga. Todos riem da desgraça alheia. Tenho certeza de que muito pouco mudou. Podem criar Delegacias da Mulher, Juizados especiais, a Lei Maria da Penha, se não houver conscientização de todas nós aos filhos que colocamos no mundo de que o respeito ao ser humano e em especial á Mulher,
que não é objeto descartável, nem escrava, nem babá, empregada mal-remunerada ou pior ainda, o pagamento são as agressões.
Na advocacia aprendi que a vida é uma escada de mil degraus, suba-os com cuidado, não se deixe cair... Mas “Há quedas que provocam ascensões maiores”.
Nos sertões da vida muitas MARIA ROSA DA CONCEIÇÃO foram destruídas pela força brutal dos homens.
Peço licença e bato cabeça à Oxalá, pedindo a Força Maior para homenagear POMBA GIRA MARIA MOLAMBO. Manaus, 22.03.2010 (Ana Zélia)