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Contos-->PEREGRINO NO DESERTO -- 21/10/2008 - 15:03 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PEREGRINO NO DESERTO




A cidade hospitaleira que trazia no nome uma homenagem à deusa da agricultura, em meu conceito, sofrera danos na imagem devido ao abuso de autoridade dos maus profissionais que serviam à corporação militar. Quase fui preso em Ceres, em Goiás, por dizer que venderia relógio para quem quisesse comprar. Se o cidadão não queria comprar, naturalmente eu não iria forçar a venda. Com essa decepção, meu sonho de tornar-me um empresário bem-sucedido foi interrompido. A partir de então, tornei-me nômade, um aventureiro no deserto da vida à procura de oásis.
O Norte de Goiás era rico em tradição religiosa. Trindade e Corino arrastavam grande romaria à festa do Divino e a Muquém, para os festejos de Nossa Senhora da Abadia.
Muquém fora acampamento de antigo garimpo. Conta-se que um baiano devoto de Nossa Senhora da Abadia fizera uma promessa: se bamburrasse, levaria, a pé, uma imagem da santa de Morro do Chapéu até Muquém. A romaria feita a esse local procedia dessa crença, e há notícias de que muitos conseguiram achar pepitas por lá.
Eu precisava vender a mercadoria e voltar ao meu Piauí. A oportunidade surgiu com um convite para uma festa em Cristalândia. Parecia um bom momento para conciliar negócio e lazer. O caminhão fora fretado por uma turma de rapazes e moças; o motorista, além de ser também o proprietário, levava a namorada. E isso deixava transparecer que faríamos uma viagem segura.
Chegamos já no horário de almoço, e logo saí oferecendo meus produtos. Vendi quase tudo. À noitinha, estava pronto para a festa dançante, no clube da cidade. Não entrei de imediato. Pus-me na calçada a observar as possibilidades de algum perigo; afinal, estava em terra estranha. Ouvi um cidadão gritando:
– Ele vai aprender a respeitar um homem!
Dito isso, entrou no clube com um revólver na mão. Aproximei-me um pouco e ouvi tiros. Jamais imaginei que pudesse ser com alguém da caravana de Gurupi. Protegi-me detrás de uma caminhonete. O homem voltou, ainda com o revólver empunhado.
– Você é de Gurupi?
- Não!
Cambaleando, sumiu na escuridão... Dez minutos depois, um táxi aéreo rasgou o céu e desapareceu no infinito. Meu condutor estava desfalecido nos braços da namorada, morto. Estávamos em terra estranha, sem transporte, com um defunto na mão e sob suspeita de sermos arruaceiros.


LIMA, Adalberto; SILVA, Francisco de Assis. Fagulhas e Lampejos.
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