Usina de Letras
Usina de Letras
24 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63299 )
Cartas ( 21350)
Contos (13303)
Cordel (10362)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10703)
Erótico (13595)
Frases (51824)
Humor (20190)
Infantil (5622)
Infanto Juvenil (4961)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141334)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1967)
Textos Religiosos/Sermões (6365)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Sandália corrulepe -- 17/12/2007 - 03:02 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ganhei minha primeira sandália corrulepe, quando tinha quatro anos de idade.
A corrulepe é uma espécie de sandália com uma tira passando entre o dedão e seu vizinho. O solado nem sempre de sola, no compasso de cada passo, batia na planta dos pés gerando o som: corrulep, corrulep...
A corrulepe é precursora da sandália japonesa e traz consigo uma designação pejorativa de salga-bunda. Isso porque, não tendo rabicho, ao se andar, vai levantando areia e jogando no traseiro do indivíduo. Ainda assim, foi grande minha alegria ao ganhar minha primeira corrulepe confeccionado por meu pai. Naquele dia, embora com apenas quatro anos, botei o pé na estrada e fui sozinho, até a casa de meu avô Mariano, à procura de Mãe-Duca, para mostrar-lhe o presente que ganhara. Mãe-Duca era uma das tias que tinha por mim um carinho de mãe e morava ali, pertinho, a menos de 400 metros.
- Cadê Mãe-Duca? Perguntei.
- Está na roça colhendo feijão. Respondeu vovó Delfina, lançando um olhar sobre minha sandália nova. Afoitamente, lancei-me em direção ao roçado. Logo que passei da porteira, emaranhei-me numa touceira de carrapichos. Um grito inocente ecoou no silêncio incontido de minhas lágrimas de criança, como o uivo choroso de cachorro desmamado. Pela primeira vez senti na pele os espinhos de carrapicho que o inimigo semeou no meio do feijoal. Senti-me só. Sozinho e embaraçado nos espinhos de carrapicho do caminho.
Muito atenta, Mãe-Duca ouviu meus berros e veio prestar o necessário socorro.
- Meu “caçulo”, que você está fazendo no meio desse mato? Como posso agora levar um saco de feijão e ainda você na cacunda!
- Vim mostrar “asapragata” que papai fez pra mim.
Ela me abraçou e disse: “É muito bonita suas precata, mas vamos voltar pra casa, o sol tá quente demais pra você.”

SILVA, Francisco de Assis; LIMA,Adalberto. O Brasil nosso de cada dia.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui