Joaquim e Valério, ou Barrão e Fucim de Porco eram cegos. Um apenas das vistas, mas ambos, do entendimento.Moraram em Picos, provavelmente, a partir dos anos sessenta e até o último momento de agonia. Joaquim enxergava das vistas e puxava Valério pela guia, quem dava uma esmola ao cego, normalmente dava também ao guia. Joaquim, o guia de cego, era aleijado... aleijado de feio. Cada um construiu seu casebre pendurado na aba do morro da Romana e tinham uma visão panorâmica de quase toda a cidade. Um deles era casado ou amancebado com a irmã do outro.
A molecada ficava de longe... um gritava: "Fucim de Porco”, e outro respondia, "Barrão" - só para vê a enxurrada de palavrões que Barrão reverberava, enquanto “Fucim de Porco” mantinha-se em silêncio, como se a cegueira também lhe houvesse levado a voz.
Barrão hoje mora no Jardim da Saudade, talvez numa casa geminada à casa de Fucim de Porco, tal qual na terra. Ele deixou em Picos um bairro com seu nome, a Vila Barrão.