Agosto de 2004. Aquela pequena Unidade Escolar de um bairro dos mais velhos da cidade de Timon-MA, estava em festa, era aniversário da Escola, nada de aula, música e dança, comida e bebida, sorrisos e abraços, eram algumas das pedidas daquela data.
Carlos e Adriana, pseudônimos de nossos protagonistas, era um casal de adolescentes, 13 e 14 respectivamente, que namorava às escondidas já há algum tempo, desde os 12 anos de Carlos, para sermos mais precisos.
Carlos, naquele dia, chegou à Escola na moto do irmão mais velho, que estava fora por uns dias. O combinado era que, no final da tarde, Carlos ensinaria Adriana a pilotar a motocicleta.
Em meio às comemorações e por irresponsabilidade da organização, Carlos consegue uma lata de cerveja, que seria para os professores, depois que os alunos fossem embora. E como o descuido foi grande, Carlos bebeu várias latinhas, sempre oferecia à namorada, ela não aceitava, mas também não o detinha.
Bem antes do final da festa Carlos convida Adriana para as aulas de pilotagem e confirmam o lugar do encontro, um campo a umas 10 quadras da Escola. Ele vai logo, ela começa a despedir-se das amigas. Vai em seguida.
Na metade do caminho do campo, um aglomerado de pessoas. Adriana aproxima-se e reconhece Carlos estirado na via, ensangüentado, o braço direito quebrado dentro do capacete, os olhos abertos de dor, gemia fracamente, o socorro já havia sido solicitado. Adriana ajoelha-se chorando próximo a Carlos. Pedidos diversos de que não o tocasse. Ela o ouve sofregamente: “eu venho te buscar, Adriana!” Ela desmaia. A ambulância chega ao local, ambos são levados ao hospital. Ela acorda antes de ser examinada, ele não acordaria jamais.
Adriana passa a freqüentar aquele cruzamento marcante, todos os dias após a Escola. E aos finais de semana. E nos feriados. Olhava. Sentava no meio-fio. Rezava, chorava.
Passou a andar dizendo que ouvia Carlos. Que o via, de vez em quando.
No ano seguinte, na festa de aniversário da Escola, Adriana preferiu passar antes no cruzamento, chovia brandamente, ela levou flores para o local. E, enquanto orava, como que em contato direto com Carlos, uma caminhonete desgovernada surge na esquina e colhe Adriana em cheio.
Em instantes a rua estava cheia. O motorista inconseqüente chorava feito uma criança. Adriana inerte. Um dos curiosos ouviu ainda um último sussurro da jovem de 15 anos: “estou indo te encontrar, meu amor!”
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