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Contos-->A vitória da Embaré -- 10/02/2007 - 20:34 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A vitória da Embaré


Nos anos de sonho, na década de 1950, a “virada” do ano em Taubaté era famosa, barulhenta e animada. Quando o ano velho acabava, as “sereias” das fábricas apitavam em uníssono e ninguém mais dormia. Em meio aos fogos de artifício, o ano velho parecia gemer na voz dos apitos roucos das sirenes. Como que resistindo à passagem do tempo, o ano velho urrava em despedida como se fosse um animal ferido de morte. A festa era um acontecimento ao mesmo tempo alegre e assustador.
Embaré e CTI disputavam febrilmente para ver quem apitava por mais tempo. Na véspera daquele esquecido ano novo, em distante passado, o menino Henrique fez um pedido ao seu pai, o senhor Chiste, que era gerente da fábrica: “Pai, eu também quero ajudar no apito. Se o senhor aumentar a corda da sirene eu ajudo a puxar...”
O velho Chiste achou graça, mas atendeu ao pedido do filho tão pequeno e adaptou uma corda comprida, mais leve e mais macia. No fundo, o senhor Chiste pôs a corda apenas para agradar ao menino, pois sabia que ele era frágil e certamente estaria dormindo na hora tardia da “virada”.
Enganava-se o velho Chiste. O apito da “sereia” da Embaré que já era longo, ficaria ainda mais longo naquele ano. Digo que nunca foi tão longo. Alguma coisa se acendera na mente do menino e ele estava definitivamente tomado pelo espírito da vitória, queria ganhar o “jogo do apito”, vencer de qualquer maneira.
Quando deu meia-noite e os outros meninos da sua idade já dormiam, o pequeno Henrique, varado de uma luz diáfana, pendurou-se na corda da sirene e não largou mais. Nas distâncias do vale e da serra o povo comentava: “Acho que a sirene da Embaré enguiçou...”
Parar? Nem pensar!... Com as mãos pequenas, que pareciam ter sido fixadas ali por cola invisível e poderosa, o menino não obedecia às ordens de ninguém e não parava de puxar a longa corda. Por razão até hoje nunca sabida ele estava obcecado, tomado pela vitória.
E não deixava a vitória por menos: mordia os lábios, rangia os dentes e dizia: “Esse ano é nosso!... Ganharemos da CTI de qualquer jeito...” E ganharam mesmo —foi uma vitória que deixou marcas no céu de ninguém, enquanto vivo, jamais esquecer.
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