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Contos-->O Labirinto da Paixâo -- 08/02/2001 - 11:08 (Felipe de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Eu tenho quase 30 anos : Eu bebo, eu fodo, fumo e escrevo. Gosto disso; aliàs, eu faço o que milhôes de pessoas fazem cotidianamente, mas eu faço com uma absoluta e superba consciência e eu experimento a cada instante um prazer sobrenatural.

Uma mulher, eu digo uma verdadeira mulher nâo pode ficar impune, inerte, ao contato fìsico de um homem. O sexo de um homem possui alguma coisa de sagrado, nâo pode ser definido simplesmente por palavras, por vezes, gostaria de descrever teu sexo dentro de mim, no momento sublime em que penetras ou quando ficas alojado eternamente nas minhas entranhas, mas é inùtil : existe qualquer coisa de religioso no pênis do macho que qualquer tentativa de descriçâo fica supérflua, artificial, inùtil.

O teu esperma tem um suave perfume que ainda nâo encontrei em nenhum outro homem, ele nâo é forte o bastante para me embriagar, mas, às vezes, sinto o seu aroma em todo o seu esplendor. Provei o sêmen de outros homens muito mais ativos do que o teu, impregnados de fortes odores, viscosos, abundantes, mas nenhum tâo agradàvel e suave. Gosto quando penetras visceralmente dentro de mim e depositas todo o teu esperma no mais profundo da minha alma. Na realidade, acho mesmo que nâo me ofertas todo o esperma que eu necessito; como gostaria de lambuzar todo o meu corpo com o teu lìquido. Eu me sinto verdadeiramente mulher quando sou banhada pelo teu esperma, por vezes, nem sequer me lavo, visto-me apressada, caminho sem destino pelas ruas e deixo que o teu lìquido sagrado escorra por dentro de mim: gosto desta idéia de que o teu sêmen navega no mais profundo das minhas raìzes. È exatamente nestes momentos que tenho consciência da minha feminilidade e da importância desta uniâo sagrada de amor e sexo.

Eu estou possuida, possuida pela eternidade, como se sò houvesse o teu corpo como inìcio e fim de cada dia. Criamos paulatinamente a història e a geografia dos nossos corpos e dos nossos sentimentos. A verdadeira loucura se cala nos minutos que penso na uniâo dos nossos corpos e dos nossos coraçôes. Assim doce, fina, amorosa, fràgil. Teus beijos, este continente misterioso e infinito, eu exploro com as delìcias e o frisson de uma aventureira. Eu sou uma pessoa ordinària, mas quando me abandono nos teus beijos, neste momento quimèrico onde existo em você interiormente, indivisìvel, intinstivamente, um terremoto nâo pode nos separar: que mulher conhece essa fatia de felicidade e deseja compartilhar com outras ? Sem tê-la vivenciado, ninguém compreenderia.

Eu queria, no fundo de mim mesma, que você partisse para bem longe, algum lugar, somente assim eu poderia melhor te reencontrar. Eu estava disposta de nâo mais te desejar. Justo uma distância. Eu sofro cotidianamente por essa necessidade quase doentia de te rever. Serà que o segredo de uma vida plena nâo é encontrar o homem ideal para foder à vontade ? Nâo, evidentemente, mas dizer que isto nâo contribui seria mentir.

Você nâo comprende que é bastante tarde, sem percebemos, você deslizou sob a minha pele de maneira irremediàvel. A amizade tem também os seus deveres e eu exijo que você os honore, que fale-me dos teus sentimentos muito mais do que um simples observador da tua pròpria existência. Eu desejo conhecer as tuas emoçôes, tuas tripas, este magna de dor que dissimulas cuidadosamente até mesmo a ti. Eu fico maluca logo que evitas os meus avanços de amizade e amor. Eu quero saber muito mais sobre tua intimidade, sob pena de morrer de vertigens quando estàs diante de mim. Somente a evocaçâo dos teus amores passados, tuas fraquezas ou os teus medos, te remeterà verdadeiramente em face de mim, senâo eu nâo poderei nunca mais te rever, nunca mais te buscar, pois eu nâo suporto essa estranha força ambìgua que me transforma num fantoche logo que partes. Se julgas que tudo isto que confesso é impossivel, eu prefiro nunca mais te rever e que partas com violência. Às vezes você me faz mal, às vezes, você me faz bem, porém, sempre me obrigando de uma maneira ou de outra a reagir.

Eu tenho vontade de te escrever uma longa carta de amor, uma dessas cartas de amor que eu mesma gostaria de receber. Falar de amor é difìcil, ficamos logo sentimentaloìde, e ainda mais ràpido medìocres, e eu odeio a mediocridade. Se eu fosse uma datilògrafa sentimental, certamente, confessaria que muitos sentimentos ternos vâo na tua direçâo, porém, estas fòrmulas de cartas postais sempre me pareceram falsas. Sâo como os perfumes nauseabundos respirados nos corredores do metrô. Um odor forte de mijo, do jà entendido e repetidos inùmeras vezes.

Gosto dessa idéia de que escrevemos em vâo. Tudo jà nâo foi escrito de todas as maneiras possìveis ? A inutilidade no ato de escrever. Um espaço de tempo perdido que incompreensìvelmente nos percorre de prazer. Por todos os livros que as pessoa nunca lerâo, por todas as cartas extraviadas pelo correio e nunca recebidas, por todas as frases repetidas, imitadas, desprezadas, por todas essas ausências, devemos teimosamente escrever outras tantas cartas de amor. Gostaria de explicar, mesmo nas entrelinhas, que existe qualquer outra coisa entre nòs, que ultrapasse este limite do amor ou da sua ausência.

Gostaria que estivesses aqui, bem pròximo, a distância de um abraço. Quando estou perto de ti tudo fica simples e harmonioso, a ordem penetra no ambiente, a calma se infiltra sob às portas e a felicidade se instala diante de um copo de cerveja. Sou feliz de nos termos cruzados, estimado, e em seguida, te amar. Eu desejo dizer simplesmente que, em alguns momentos, eu sinto a paz e o silêncio nâo tem este poder de me apavorar como outrora. Eu tenho confiança em mim e te desejo como jamais desejei um outro homem, porém, pela primeira vez, eu nâo carrego essa necessidade de possuir. Eu começei a te amar bem devagarinho, mas também posso ensaiar de parar de te amar bem devagarinho.

Quando fazemos amor durante horas, eu sinto o meu corpo se abandonar, como se introduziste dentro de mim uma droga mortìfera que destròi toda a minha energia vital, gosto disso, sentir que estou sendo aniquilada interiormente, sinto-me flagelada, inoperante, um total non sense. Você suga vertiginosamente todas as minhas vontades e a totalidade do meu ser metamorfoseia-se num bagaço : sem desejos, sem vontade pròpria e quase sem vida. Um alienìgena. Uma àrvore plantada no meio da floresta que se balança ao bel-prazer da correnteza dos ventos. Todo o meu prazer se evapora quando descubro o teu corpo e vejo-me, por incrìvel que pareça, sozinha como nunca desejei nem ao meu pior inimigo. Nem sequer percebo as tuas curtas frases, teu olhar parado, absorto numa particularidade qualquer do ambiente, muitas vezes, nestes momentos, imagino-me numa nave espacial partindo para um planeta distante, fora do sistema solar, indo sem direçâo para bem longe.

Preciso de tempo, tempo para retornar a realidade que criamos com a troca dos nossos beijos e desejos. Quase sempre, ao te deixar indefeso no meio da cama, uma vontade simultânea de partir e voltar para longe de ti se aloja na minha alma. Nâo consigo explicar direito estes sentimentos, visto-me às pressas e caminho sem direçâo fixa pela cidade. As pessoas e os ruìdos desfilam diante de mim. Homens e mulheres transitam indiferentes ao meu lado, os ruìdos ensurdecedores penetram no meu corpo. Nâo consigo evità-los. Tudo e todos parecem seres de outros planetas, vindos de uma outra realidade, eu, por mais estranho que pareça, estou em perfeita harmonia com os meus passos e os meus sentimentos. Deixo-me guiar por sinais menores, quase imperceptìveis, que se infiltram nos meu subconsciente e sigo a passos lentos, compassados, uma destinaçâo que ainda nâo conheço.

Pode parecer estranho, bobagem, irreal mesmo, mas todas às vezes que fazemos amor, eu tenho a impressâo de que o tempo se estagna là fora. Os ponteiros do relògio se imobilizam, travam, por um bizarro mecanismo celeste, o tempo perde essa terrìvel capacidade de se escoar. Ficamos acoplados um ao outro e a eternidade nos invade. Na maioria das vezes, quando saio no tumulto das ruas, apòs està contigo, eu olho o relògio e vejo que os ponteiros nâo pararam, nada mudou, o mundo continua rodando e a vida escorre quase maquinalmente. Eu sorrio intimamente de mim mesma, mas nâo posso negar que, naquele momento preciso do frenesi dos nossos corpos, eu tenho à absoluta certeza de que o tempo parou là fora.

Matilde, em O Ouro de Rimbaud.
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