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Contos-->Dois rios... Uma vida... -- 23/09/2006 - 01:16 (PEDRO DANIEL DOS SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










Dois rios, uma vida...

Pedro Daniel










Capitúlo I


Naquela tarde de verão, na qual o sol já se preparava para esconder-se, com um vermelho encantador no meio daquele vale, o qual toda tarde ela aprendeu a admirar no caminho que fazia de volta do trabalho. Mas naquela tarde algo estava diferente, pois aquele sentimento dentro do seu peito a fazia sentir-se flutuando, e sua pele se arrepiava com a brisa macia que batia em seu corpo. Era um sentimento que a deixava extasiada, mas ao mesmo tempo, não conseguia entender o porque daquela sensação que a invadia e tomava conta de todo seu corpo. Chegou a fechar os olhos e pedir que aquele momento não acabasse, então sentiu vontade de sentar-se a beira do caminho e ficar admirando aquela tarde tão maravilhosa. De olhos fechados, sua mente ia de encontro a um pensamento fixo que tinha dentro de si, aquela pessoa que só existia ali, e ninguém tinha acesso aos seus pensamentos, mas apesar de saber que só conhecia aquele alguém nos seus devaneios, lhe era tão familiar, pois ela era sempre a mesma pessoa... Carinhosa, romântica, amável... Então percebia que a única coisa que não sabia era a quem pertencia aquelas qualidades. E ficou ali pensando naquela pessoa que não sabia onde se encontrava e muito menos quem era, mas que com certeza um dia iria aparecer em sua vida.
Aquela sensação foi passando devagar, foi percebendo o caminho novamente, então avistou sua casa ao longe.
Naquele final de tarde, ao adentrar-se em seu quarto ela percebeu que sua vida seria uma eterna espera dos acontecimentos, pois dia após dia tudo se repetia, o trabalho, as mesmas pessoas, as mesmas conversas... Isso as vezes a deixava apreensiva. De vez em quando parava em frente ao espelho, ela se via por alguns minutos e com certeza não era um patinho feio, alta, cabelos pretos e lisos, olhos pretos (às vezes um pouco estrábico), lábios carnudos que tinham duas pintas no lado direito, uma no lábio inferior e outra no superior, mas que com certeza não a fazia ficar com complexo. Mas o que mais se destacava era seu jeito, pois quem a via caminhando pensava que era uma pessoa que dominava o mundo e isso já lhe havia acarretado alguns problemas com suas amigas, mas na verdade não era assim, apenas fazia disto uma auto defesa.
- Oi filha, não vi você chegar, tudo bem? Como foi o trabalho hoje? Disse sua mãe ao vê-la ali parada em frente ao espelho.
- Bem, como sempre, algumas chateações com os clientes da loja, mas não é nada que se possa dar importância. Disse isso sem ao menos se virar para trás, pois de onde estava podia ver sua mãe pelo espelho. Diante disto sua mãe fez um aceno com a cabeça e voltou para seus afazeres na cozinha, pois logo seria hora do jantar.
- Mãe!! A Elisa ainda não chegou?!! Pergunta em voz alta a sua mãe.
- Não, filha!! Sua irmã ainda não chegou, parece-me que ela vai demorar um pouco, pois vai passar na paróquia pra conversar com o padre Mário sobre a missa de domingo.
Ela não sabia o que sua irmã tanto fazia na igreja, quase todo dia tinha algo para fazer lá, programar a missa, o catecismo, a festa de Nossa Senhora...
- Ufa!! que saco!!! será que ela nunca se enche? - Resmungou isso para si mesmo enquanto remexia nas coisas colocadas em sua gaveta do guarda-roupa. De repente parou e pegou no fundo da gaveta um caderno de capa dura e cor marrom escuro, o qual trazia na capa uma inscrição que lhe era muito familiar “Meu diário”, abriu numa página que lhe trazia recordações da infância, depois outra que falava da adolescência, dos sonhos mais íntimos de uma mocinha de 16 anos, das amigas do colégio, os namoros escondidos na porta do colégio, do amigo gentil que sempre lhe trazia um chocolate, até que um dia ele criou coragem e lhe entregou uma declaração de amor... boas recordações tinham naquele diário...
- Oi “Di” ? Relembrando velhos tempos é? Será que você não fala aí da sua irmãzinha querida e fiel, hem!!!??? Era sua irmã que acabara de chegar.
- Hum!!! Deixe-me ver talvez tenha uma página aqui que fale de uma chata que vive na igreja, e que quando ficar velha vai virar aquelas beatas que só vivem na igreja a fofocar sobre a vida de todos da cidade. Disse isso em tom de ironia, já fechando o diário e se virando para porta do quarto, como que a proteger seu tesouro de olhos curiosos.
- Que coisa, você implica com tudo que faço, será que não podia respeitar a minha vontade? Eu vou a igreja porque gosto de participar das missas, dos cursos, dos encontro de jovens e você? gosta de sair, viajar com os amigos, chegar tarde em casa, adora arranjar uma briga com os outros, e no entanto não fico te criticando, certo?? Elisa tentava se defender das ironias da irmã.
- Ei!!! Só estou brincando não precisa partir para agressão, tá bom? Retrucou com seu jeito impetuoso, que sua irmã já conhecia de longe. Elisa fez uma careta e seguiu rumo a cozinha, deixando sobre a cama sua bolsa e a jaqueta.

Isso sempre acontecia entre as duas, uma era pacata e seguidora dos bons costumes, já a outra era um pouco apimentada, não levava desaforos pra casa, não admitia que alguém lhe dissesse o que fazer, pois com certeza faria o contrario, era um gênio forte e decidido. Certa vez quando tinha seus 13, 14 anos sua irmã chegou em casa chorando e dizendo que havia apanhado na escola, “Di” ficou possessa e arrastou sua irmã pelo braço até onde estava a suposta agressora, e fez ela se desculpar com sua irmã, mediante ameaças de que daria uns bons tapas, e a menina não tendo outra alternativa teve que obedecer. Diante dessas e outras coisas, era vista como uma ovelha negra pela vizinhança. Mas no fundo era de personalidade forte e decidida que todos respeitavam e alguns temiam.
Apesar de tudo isto era muita apegada a sua família, sempre conversava com sua mãe sobre seus problemas, e apesar das brigas e discussões que tinham com sua irmã, a noite na hora de dormir, elas conversavam longamente sobre a vida e se aconselhavam mutuamente.
Elisa sempre ouvia de sua irmã seus sonhos mais escondidos, suas vontades... e foi numas dessas noites de confabulações que a ouviu dizer:
- Sabe Lisa, eu sei que sou as vezes rebelde, tenho um gênio difícil de ser entendido, sei que não consigo gostar dos meus namorados, mesmo sabendo que eles ficam me dizendo que gostam de mim e querem se casar, mas isso não me toca, não quero me casar com eles,quero esperar o meu grande amor, eu sei que um dia vou conseguir, vou amar alguém que seja como quero... romântico, simpático, que seja de bom coração, que goste de crianças e que me faça realmente me sentir mulher...
Nesses momentos seus olhos divagavam pelo campo dos sonhos, o brilho podia ser visto de longe, sua voz ficava embargada e saia quase que num sussurro.
- E você acha que um dia vai encontrar essa tal pessoa? Perguntou sua irmã, já quase dormindo, embalada pelos devaneios de sua irmã.
- Tenho certeza que sim, só não sei como ele será, não consigo imaginar sua fisionomia, mas com certeza, já conheço seus sentimentos. O silêncio prevaleceu no quarto naquele momento e quando procurou pela irmã, a encontrou já dormindo, olhou para o relógio e viu que já era tarde, então virou para o lado e dormiu.






- Olá Diana, tudo bem? Como tem passado? Perguntou-lhe uma voz conhecida.
- Oi Lucas, estou bem e você? Tem trabalhado muito? Perguntou tentando ser amável.
- Um pouco, mas nada que se possa reclamar, afinal a gente não tem escolha não é mesmo, então o melhor é trabalhar. O rapaz tentava puxar conversa mas ela estava com pressa para ir trabalhar, então se despediram com um aceno e um pedido de desculpas por parte dela, pela pressa.

No caminho foi pensando no amigo, ele se dizia apaixonado por ela, sempre que podia ia na casa dela, e procurava se mostrar gentil com seus pais, como que procurando conquistá-los e assim tê-los como aliado, e sempre dizia para sua mãe:
- Sua filha ainda vai se casar comigo, e eu não tenho pressa, vou saber esperá-la o tempo que for possível. Sempre repetia a mesma ladainha, e sua mãe fazia gosto no casamento dos dois, pois ele era um rapaz trabalhador, de boa família, e acima de tudo gostava muito dela. Mas ela não sentia nada por ele, a não ser aquela velha e boa amizade.
Achava que ele era um bom rapaz, mas isto não bastava para ela, pois o que ela queria era uma pessoa que despertasse nela um grande amor, e apesar dos rapazes a cortejarem, ela não se interessava por nenhum deles. É certo que algumas vezes já havia namorado com alguns deles, mas apenas coisas de adolescente, que logo passava. E ela voltava ao que chamava de “a espera do príncipe encantado”.
Um fato curioso foi um desses seus namorados, que a cortejava de todas as maneiras, pois se dizia loucamente apaixonado por ela, se bem que o rapaz era bem intencionado, e sendo ele proprietário de uma floricultura, uma certa vez mandou a ela um buquê de rosas de hora em hora, só para que ela realmente acreditasse no seu amor. Ele era um rapaz extremamente romântico, como ela realmente havia desejado, mas infelizmente seu coração não correspondia a sua vontade de gostar daquele rapaz, e mais uma vez se viu a espera daquele que tanto queria.



Mas não se podia dizer, era bem verdade, que era uma moça namoradeira, pois é certo que o que mais gostava era sua liberdade, e as vezes quando um desse eventuais namorados estava querendo algo mais sério, ela logo tratava de se livrar do pretendente. E na sua mocidade ela aproveitou bastante, pois saía constantemente para dançar e se divertir com os amigos, gostava de viajar e sempre que podia ia para algum lugar diferente para conhecer e assim aproveitar o tempo que tinha livre.
Assim, Diana ia levando sua vida, que não pode dizer que era uma vida entediada, pois gostava daqueles tempos de sua mocidade (Coisa que só mais tarde ia perceber). Quem a conheceu naquele tempo, hoje até comenta das suas peripécias, e reconhece que era
uma moça que sabia aproveitar sua mocidade.
Naquela manhã, ao acordar, permaneceu deitada em sua cama. Ficara ali, pensando em sua vida, parecia que de repente um filme se passara em sua frente... via-se ainda pequena correndo atrás de sua irmã por entre as árvores no quintal a brincar de pega-pega, os animais que corriam solto por entre elas, como se compartilhassem da brincadeira. Cada vez que uma delas se colocava a frente da outra, teria com certeza uma companhia inseparável , era seu cachorrinho Lulu, que corria por entre as pernas latindo e mordendo a roupa, como que pedindo para brincar e se deliciando com o corre-corre das duas. Quando se sentiam cansadas de tanto correr, iriam se sentar com certeza, debaixo de uma frondosa mangueira que se encontrava bem lá no fundo, com seus galhos fortes e sua sombra acolhedora, e foi ali que nascera aquela grande amizade entre elas, pois não tinham irmãos ou irmãs, era só as duas.
Mas, ela tinha outros amigos, só que a maioria era meninos, isso porque achava as meninas em geral muito chatas e os meninos eram melhor para se brincar com os tipos de brincadeiras que ela gostava. E olha que ela já aprontou poucas e boas... houve uma vez em que seu primo Carlinhos, seu companheiro de grandes peripécias na infância, e que iria sentir saudades no decorrer da vida. Uma de suas grandes travessuras era quando tinham que levar umas boas palmadas, pois já era combinado, se por acaso algum deles fosse apanhar, o outro teria que correr para ajudar a escapar do castigo, e para isso já tinha montado uma estratégia: Quando um dos dois estivesse em apuros o outro correria para o fundo do quintal e lá se colocava de prontidão num dos galhos da mangueira, e o que estava sendo procurado com certeza iria para lá também, e chegando ao local cada um sabia como agir, o que já estava em cima da árvore daria a mão ao fugitivo e o ajudaria a subir rapidamente para cima do galho, e de lá subiriam para o galho mais alto, ficando o tempo necessário para que a mãe desistisse da captura. Carlinhos era um grande amigo, pois a defendia de todos que tentasse fazer algo contra ela, e as vezes ele exagerava. Foi numa ocasião em que estavam numa brincadeira com outras crianças, que um dos meninos falou que gostaria de namorar com ela, seu primo ao ouvir aquilo não hesitou e partiu para cima do menino com socos e pontapés, como que o pedido tivesse sido uma ofensa a sua prima, o garoto sem entender absolutamente nada, saiu em desabalada carreira.
Quando estavam brincando no quintal, os dois se colocavam a correr atrás das galinhas que em desespero se punham a fugir deles para escapar das garras daquelas duas crianças travessas. Cada criança tem um bicho de estimação, o qual se dedica e cuida com muito carinho, e aqueles dois não podiam ser diferente, pois adotaram cada um deles um animal de estimação um tanto quanto curioso, Carlinhos tinha uma galinha por nome de “Danona” e sua prima tinha também uma galinha que atendia por nome de “Catita”. E as crianças colocavam suas mães em polvorosa por causa dos bichinhos, teve um dia que “Di” entrou em casa aos gritos, só porque seu primo havia feito uma brincadeira de mau gosto, disse a ela que sua mão tinha depenado “Catita” e a pobre já se encontrava em água fervente, o escândalo foi tanto que sua mãe só conseguiu acalmá-la depois que lhe mostrou o pobre animal que ciscava no fundo do quintal e mesmo assim teve que lhe dar umas boas goladas de água com açucar.
Essa amizade, com certeza , marcaram a vida de ambos para sempre.

























Capitúlo II


E lá estava ela naquele quarto, onde acabara de acordar, mas a preguiça a impedia de se levantar e sua irmã ainda dormia como um anjo, então para que levantar tão cedo, era feriado na cidade naquele 6 de agosto, dia da padroeira, dia de festa na pequena e pacata cidade de Santa Rita , onde tudo acontecia aos olhos do povo e que as vezes era difícil esconder um acontecimento.
Virou de bruços, para tentar dormir mais um pouco, puxou a coberta e ficou ali quietinha, mas era em vão o sono já se fora, se virava e olhava para o teto e via as telhas do quarto, onde podia ver que o sol já nascera e que seus raios já se adentrava por entre as frestas do telhado e parecia um espetáculo de um caleidoscópio, pois cada vez que se olhava via-se um espetáculo diferente de cores e brilho, achou muito interessante aquele pequeno espetáculo, começou a observar os fachos de luz que se refletia no chão, naquele piso vermelho, simples e frio. E começou a ver as partículas de poeira que passavam por entre aqueles fachos de luzes, e as vezes passava a mão no meio deles, só para ver as partículas se moverem rapidamente... então resolveu levantar-se, deu um longo bocejo esticando os braços para se espreguiçar.


- Bom dia filha!! dormiu bem? Seu pai, como sempre, havia se levantado e feito o café, e se esquentava a beira do fogão.
- Bom dia pai, a mãe já se levantou? Perguntou em meio a um bocejo.
- Já se levantou e está lá fora cuidando das coisas, e eu estou aqui esperando esquentar o sol para que eu possa sair , pois apesar do sol que está lá fora, tem um ventinho chato e frio. Disse isto com um copo de café soltando fumaça, já quase chegando aos lábios para um bom e delicioso gole.
Ela fez uma cara sonolenta e pegou um copo no armário para que pudesse acompanhá-lo naquele ato prazeiroso e assim tentar espantar aquela preguiça e criar coragem para começar o dia.
De repente na porta apareceu sua irmã, com os olhos ainda inchados de tanto dormir e uma coberta enrolado no corpo por causa do ar frio da manhã.
- Bom dia, alguém pode me dizer que horas são?? Perguntou já em meio a daquelas espreguiçadas para espantar o sono.
- São oito e dez. Respondeu seu pai, consultando seu bom e fiel relógio de pulso.
- Nossa já é tudo isso!!?? Porque você não me acordou mais cedo? Disse isto olhando para sua irmã, que se encontrava sentada e tomando café.
- Acordar você? O serviço de despertador não funciona nos feriados, minha filha. Respondeu com ironia.
- Mas você sabe que tenho que estar na igreja para assistir a missa das 10 horas, e tenho que ajudar o Padre Mário a organizar os cantos antes da missa, afinal de contas hoje é dia da padroeira da cidade, você se esqueceu???
- Eu não tenho nada a ver com isso, e pelo que eu saiba a beata da casa se chama Elisa, eu vou na festa sim, mas é para me divertir e não ficar bancando a papa hóstia, isso não não combina comigo, tá bem?



- Ai, como você é “Di”, deveria participar mais da igreja, quem sabe assim você melhorava um pouco seu humor, não é mesmo?? Elisa só fazia isso quando seu pai estava perto, para que ele visse e tomasse o seu partido, mas mal ele teve tempo de esboçar uma reação, e sua irmã sem se levantar do lugar, como que não desse a mínima atenção as ironias da irmã, retrucou como que deixando escapar sem querer:
- Não sei não, mas eu acho que essa menina deve estar apaixonada pelo padre ou então deve estar de olho em alguém da igreja, será que é no coroinha??? Disse isto com um certo sarcasmo, como intuito de ofender a irmã.
- Que é isso filha, não fale assim da sua irmã, se ela gosta de ir na igreja é problema dela, afinal de contas, você também deveria freqüentar mais a igreja, assim quem sabe você melhorava esse seu jeito. Seu pai entrou na conversa para por fim a discussão, pois sabia que ao tocar neste assunto, ela iria debandar deixando a conversa por onde tinha parado. E foi exatamente o que “Di” fez, levantou-se e num gesto de rebeldia, virou as costas e saiu dando com os ombros.
- Essa menina não tem jeito não pai, é um caso perdido. Retrucou Elisa de maneira que sua irmã pudesse ouvir suas palavras. Seu pai sorriu e foi saindo para fora a fim de cuidar das coisas, pois sabia que logo as duas estariam novamente conversando e trocando confidências.

A festa transcorria com muita alegria, as pessoas na rua naquele vai e vem, a cidade estava toda enfeitada de balões coloridos, a praça se encontrava cheia, pois era o ponto de encontro dos jovens e como não poderia de deixar de ser tinha uma turma de rapazes que andavam em volta da praça, e do lado contrário vinham as moças, como quem não quer nada passavam por eles entre risos e troca de olhares insinuantes. E ficavam assim até que alguém tomava a iniciativa. A música não parava de tocar no alto falante da praça, e as vezes era interrompida pela voz do locutor da rádio local, que dizia que a próxima música era dedicada à alguém com muito amor e carinho.
E olhe só quem se encontrava no meio daquelas pessoas, ela como sempre, não perdia uma festa da cidade, pois sabia que lá estaria todas as pessoas dos arredores e era uma chance de quebrar a monotonia. Diana se destacava de suas amigas, pois quem olhava de longe não poderia deixar de observar aquela moça alegre e sorridente e que fazia questão de ser notada pelos outros, e isso não era muito difícil.
A praça já se encontrava cheia, as luzes estavam acesas, e por toda praça ouvia-se o barulho das pipocas estourando no carrinhos dos vendedores ambulantes espalhados, e em outro canto o cheiro adocicado das maças do amor que alguns degustavam com muito gosto. Então uma voz interrompeu a música para anunciar a tão esperada queima de fogos que marcava o fim da festa da padroeira da cidade, e todos se colocaram da maneira mais cômoda possível para apreciar o espetáculo. Já num segundo pronunciamento foi avisado que as luzes da praça seriam apagadas, para uma melhor visualização dos fogos de artifícios, e assim foi feito, seguido de gritos histéricos e assobios a escuridão se fez presente. De repente o espetáculo começou e o chão parecia que ia se abrir, pois tremia tanto que algumas crianças começaram a chorar com medo. O céu se encheu de luzes e cores e todos os olhares se encontravam fixo para o alto para que não escapasse nenhum detalhe daquele espetáculo, que com certeza seria o comentário do dia seguinte em toda cidade. Ao fim do foguetório seguiu-se as palmas e os gritos que vinham do alto falante:
- Viva nossa senhora!!!!! Era o prefeito, contente com o êxito da festa.
- Vivaaaaaa!!!!!! Respondia em coro o povo na praça.
Isso se seguia por mais duas ou três vezes, até que a resposta ia ficando menos empolgada. Quando a multidão se dispersava, “Di”procurava sua irmã, para poder voltar para casa, pois sabia que se fosse chegar depois da irmã a bronca seria certa. Foi encontrá-la num banco em frente a igreja conversando com uma rapaz negro, que se mostrava muito interessado na conversa dela, pois o assunto era o grupo de jovens ao qual ambos participavam, a discussão estava tão interessante que mal percebera a chegada da sua irmã.
- Vamos Lisa?? Já está na hora de ir para casa. Disse para a irmã com a autoridade de ser a mais velha entre as duas.
- Vamos sim. E despediu-se do rapaz seguindo a irmã, que já se encontrava na frente descendo a rua em direção a casa. Quando conseguiu alcançá-la, Elisa disse a irmã:
- Nossa para que tanta pressa “Di”, parece que vai tirar o pai da forca, não dá para ir mais devagar??
- Você é que anda devagar demais, não vê que já está tarde, aliás do jeito que o papo estava bom, você iria ficar ali a noite toda não é mesmo???
- E por quê você está preocupada, não estava fazendo nada de mais, só estava convesando com meu amigo Norberto, esta bem??
- Hummm!!! Meu amigo Norberto é?? Pensa que eu não notei que você está interessada nele?? Agora eu entendo o seu interesse em ir na igreja, não era a toa que você ficava preocupada em não perder as reuniões do grupo de jovens, pois o seu amigo Norberto ia estar lá, não é mesmo??? A ironia voltava a reinar em suas palavras.
- Olha aqui, você não fica falando besteira, pois ele é apenas meu amigo, está bem?? Ela já se mostrava irritada com as brincadeiras da irmã.
- Está bem, só estou brincando, mas olha, aqui entre nós, simpático o seu “amigo Noberto” , o rapaz é um belo tipo hem??!!! Santinha do pau oco. Falou isso com um certo desdém, e saiu a correr na frente tentando escapar da irmã que tentava alcançá-la e não conseguia, por fim as duas cairam sentada na grama do jardim dando boas gargalhadas, uma da outra.

Lisa era uma moça comportada, procurava fazer as coisas o mais certo possível e não gostava de confusões, não saía muito, tinha poucos amigos, pois as vezes pelo seu jeito introspectivo ficava difícil se relacionar com os outros, então o silêncio as vezes era seu melhor companheiro. Gostava muito de ir a igreja aos domingos, era o lugar onde ela podia ficar ali meditando sobre as coisas de sua vida, coisas que as vezes não conseguia falar com outras pessoas, porque seus problemas eram para outras pessoas consideradas coisas banais, mas que se debatiam dentro do seu coração. As vezes tinha uma grande paciência para que os outros contassem a ela seus problemas, era capaz de ouvir uma pessoa por horas, sem perder a paciência, ou deixar de se emocionar com o problema alheio, mas era difícil colocar os seus problemas para que outras pessoas a ajudassem.
As vezes ficava olhando o jeito da sua irmã, era arrojada e gostava de brigar pela suas coisas, não deixava as pessoas se aproveitarem dela, e ainda sabia impor-se quando os seus interesses eram atingidos. As vezes gostaria de ser como ela, mas a sua personalidade era bem diferente, e tinha que ser como era, cada pessoa com suas qualidades e os seus defeitos.
A igreja era seu refúgio, e ali tinha pessoas que a aceitava como ela era, não implicavam com o seu jeito e sua maneira de enfrentar a vida. Tinha vezes que sua irmã conseguia levá-la a um baile ou a uma festa de alguns dos amigos dela, falava que era para ela se divertir, distrair, sair daquele seu mundo fechado, mas por mais que ela se esforçasse não conseguia se soltar e acabava achando aquelas festas muito chata, e definitivamente esse não era o seu meio, pois não via a hora de ir embora.
O padre gostava da sua dedicação a igreja, sempre disposta a colaborar das diferentes formas, se predispunha a preparar a missa do domingo e ainda elaborar o curso de catecismo para as crianças, e não se importava de não sair nos fins de semanas para se divertir, como fazia as meninas da sua idade.
Em suas meditações, pensava as vezes em se dedicar integralmente a ajudar os outros e a igreja, mas isso já era uma coisa muito séria para ser decidida assim sem uma grande certeza, mas que ficava martelando dentro de sua cabeça e chegou até a falar com o padre sobre isso e este lhe falou sobre a vocação sacerdotal, dizendo-lhe que não precisa ser uma freira ou um padre para servir a um propósito de Deus, pois as vezes somos melhores como uma pessoa que serve a igreja sem a necessidade de se usar o hábito ou a batina, e que isso é uma decisão que devemos ter a certeza dentro do nosso coração, e falou-lhe sobre um outro rapaz que vivia um momento difícil em sua vida, pois tinha que se decidir sobre sua vocação de ser padre e o seminário já estava chegando ao fim, então conversando com ele o rapaz viu que seria mais útil a igreja do outro lado do altar, e desde então, sua vida mudara completamente, o padre indicou para Lisa uma conversa com o rapaz, sobre essa sua inclinação e foi assim que conheceu Norberto e se tornaram grandes amigos, pois podiam conversar abertamente sobre suas convicções sem se preocuparem se o outro vai achar a conversa um tanto quanto incoveniente, e sempre que podiam estavam conversando e as vezes se esqueciam de que haviam outras pessoas por perto.
E era sobre isso que conversavam naquele dia da festa da padroeira da cidade, quando sua irmã os interrompeu, pedindo para que fossem para casa, pois já era muito tarde.

No caminho de volta, Lisa estava um tanto quanto quieta, até que sua irmã lhe perguntou o que se passava com ela, e sem que se desconcentrasse do seu pensamento deu com os ombros, como quem diz que não é nada.
- Não sei não Lisa, você está aí pensativa, não presta atenção nas coisas que estou falando, o que acontece com você??
- Nada... não é nada, só estou com sono e cansada. Lisa se sentia um tanto quanto deprimida, o coração lhe apertava o peito e parecia que iria parar a qualquer momento, mas ela não sabia o porquê daquilo tudo, era estranho, pois até uns minutos atrás estava alegre e animada na sua conversa com Norberto, mas agora tudo parecia vazio, sem graça, era como se de repente faltasse alguma coisa.
- Lisa... Posso lhe perguntar uma coisa? Ela acenou positivamente com a cabeça.
- Você promete que me responde com sinceridade, não vai me esconder nada? Ela mais vez afirmou com um aceno de cabeça, como que automáticamente as perguntas da irmà, pois na verdade o pensamento estava um tanto quanto longe dali.
- Você está apaixonada por aquele rapaz??? Lisa parou, seu corpo ficou gelado naquele momento, olhou para a irmã com os olhos assustado, e surpresa falou com a voz trêmula:
- O que é isso? Você está ficando louca? Falando tamanha besteira, será que você não imagina a coisa mais idiota que você está falando, até parece que você não me conhece prá ficar aí falando essas coisas...
- Ei!!! Não precisa ficar nervosa, lhe fiz uma pergunta, era só responder sim ou não, não precisa ficar tentando se justificar, está bem ? Lisa ficou sem jeito diante da irmã e se calou, continuou a caminhar e o silênciou voltou a reinar entre as duas. Lisa ficou surpresa, não esperava por uma pergunta desse tipo.
Chegaram em casa, seu pai esperava por elas, disse alguma coisa a qual responderam, em seguida foram se deitar. Lisa não conseguia dormir, pois por mais que tentasse esquecer, a pergunta de sua irmã parecia ecoar dentro daquele quarto.
- Lisa...? “Di” chamava pela irmã depois de perceber que ela se encontrava acordada.
- Humm? Respondeu - lhe depois de alguns segundos de espera.
- Me desculpe por ter lhe feito aquela pergunta está bem ? Não queria te chatear? Falou isso com uma sinceridade, que sua irmã sentiu a voz carinhosa e terna.
- Não se preocupe não me chateou, mas é que me pegou de surpresa. Respondeu como que de repente abrisse a guarda à aquela pessoa a quem tanto queria bem, demonstrando que ela havia dito uma coisa que relutava em aceitar e tentava esconder, e agora alguém lhe dissera, mas vindo de quem veio não era considerada uma invasão de privacidade.
- Gostaria muito de poder ajudá-la, pois você é minha irmã e uma grande amiga, e me preocupo com você.
Lisa naquele momento sentiu que podia dividir com sua irmã, um sentimento que explodia dentro dela, tentava esconder dos outros aquela coisa que a incomodava. E naquela noite “Di” ouviu de sua irmã uma confissão que jamais pensava que ouviria daquela criatura tão fechada e acostumada a ouvir seus sonhos e devaneios em torno do grande amor que sonhara. Lisa parecia enfeitiçada, falava de Norberto com tamanha admiração e afeto, enaltecia-lhe qualidades e as vezes suspirava como que lhe faltasse o ar. Acertara na mosca, Lisa esta realmente apaixonada por aquele rapaz moreno, cabelo liso e olhos pequenos... Era realmente uma grande surpresa vindo de sua irmã, uma pessoa a quem realmente gostava de verdade, e a partir daquele dia se tornara sua grande confidente, a quem ouvia com grande interesse e satisfação.























Capitúlo III


A primavera chegara naquele ano com grande estilo, podia se ver as flores do campo se espalhando por todo o vale, e seu perfume era levado para todo o lugar pela brisa da manhã, e o contraste com o nascer do sol que vinha se esgueirando por entre as montanhas, tornando morna aquela linda manhã de setembro. E naquele dia Diana se levantara disposta a passear, e lembrou-se de um lugar especial que sempre gostava de ir quando queria observar as flores do campo, esse lugar não ficava longe de sua casa e dava para ir a pé. Tomou café, colocou sua calça jeans, tênis e uma camisa rosa, que quando amarrava na altura do umbigo, a deixava insinuante, colocou uma tiara para prender os cabelos, assim não ficaria caindo a franja em seus olho. Despediu-se de sua mãe e tomou o rumo do vale, passou na casa de sua tia Vitória e convidou sua prima Rosa, mas ela não podia acompanhá-la pois tinha outro compromisso, então resolveu ir sozinha.
No caminho ia observando as flores que davam um colorido todo especial ao lugar, e fazia com que parasse de vez em quando para apanhar uma e ficar sentindo o perfume que exalava daquela humilde criatura que tanta beleza trazia à aquele lugar. Ao chegar debaixo daquela frondosa árvore, que tantas vezes tinha ido para brincar quando era criança, sentou-se com um lindo buquê nas mãos, e ficou observando os pássaros que voavam de um galho para o outro, entoando uma canção que com o farfalhar das folhas ao vento era uma autêntica cantiga de ninar. Colocou as flores junto ao corpo, fechou os olhos e sentiu aquele momento mágico, e como que querendo eternizá-lo deixou-se levar pela paz que a envolvia e sem perceber adormeceu. Passado algum tempo abriu os olhos devagarinho, e ficou com aquela sensação estranha de que não sabia se havia passado um segundo, um minuto ou uma hora, quando terminou de abrir os olhos, ficou ali imóvel como que integrada naquele ambiente de tamanho silêncio, podia ouvir sua respiração.
- Olá ??
Uma voz quebrou o silêncio do lugar, e a fez levantar num pulo, que mais parecia um felino assustado, seus olhos arregalaram e sua boca ficou seca, vindo um gosto amargo em sua garganta, e apesar de já estar de pé não havia se dado conta disso.
- Me desculpe, não queria assustá-la desse jeito.
Repetiu aquela voz suave e desconcertada pelo susto que causara a jovem.
- Quem é você ?? Ela perguntou com a voz trêmula e o rosto pálido, e a certeza de que não poderia sair do lugar naquele momento.
- Mil desculpas, não queria assutá-la?? Falou procurando ser o mais tranquilizador possível.
Ela tentou falar algo, mas a voz não lhe saía, tentava acalmar a respiração e as batidas do coração.
- Olha, me desculpe, sei que foi uma falha de minha parte assustá-la desse jeito, mas não era minha intenção, é que você estava aí dormindo tão tranqüila, que fiquei aqui a observá-la e então você acordou e assustou-se...
O rapaz tentava se explicar de todas as maneiras possíveis e não a deixava falar, mas será que ela gostaria realmente de falar algo?, e mesmo que quisesse não conseguiria. Olhava para aquele rapaz à sua frente que falava sem parar, pode parecer incrível, mas naquele momento, apesar do susto, estava pensando: Quem seria aquele rapaz...? Ela não o conhecia... e ele não era dali, pois conhecia a todos na cidade...e quem seria ele? não parava de se desculpar...
- ... e eu não poderia chamá-la, aí então o susto seria maior, me desculpe está bem?
- Tudo bem, o susto já passou e eu tinha mesmo que ir embora, com licença... E dizendo isto se dirigiu para o caminho de volta, de repente o rapaz veio em sua direção e perguntou-lhe:
- Posso acompanhá-la? Sei que não é o melhor jeito, mas gostaria de poder lhe mostrar que não sou tão inconveniente assim...
- Me desculpe, mas eu gostaria de ir embora sozinha, está bem? E com o passo apressado sumiu por entre as flores, deixando para trás aquele rapaz que não sabia quem era. Já se encontrava na estrada em direção a sua casa, o caminho parecia-lhe mais curto que na ida, ou seria a pressa? Os passos eram apressados e a respiração ofegante, e chegando em sua casa, adentrou-se no portão, entrou na sala e deu de cara com Lisa.
- Nossa Di !!?? Que bicho te mordeu?? Está pálida, parece que viu um bicho, espera aí que vou lhe dar água com açúcar. Foi até a cozinha e trouxe-lhe a água.
Di bebeu com tanta vontade que sorveu todo o líquido num só gole. Sua irmã preocupada perguntou-lhe o que havia acontecido, e ela já refeita do susto pôs-se a contar o fato a irmã. No final da narração Lisa a olhava com certo espanto como quem não entendeu nada.
- Você deixou o coitado do rapaz lá, plantado e veio embora sem dizer nada??
- O que você queria?? O desgraçado me dá um susto danado, e você ainda quer que eu fique conversando com ele, e de mais a mais eu não o conheço, ele ainda teve sorte que não o xinguei!!!!
Diana estava um pouco nervosa com o ocorrido e sua irmã, que sempre era mais calma, tentava acalmá-la.
- Tudo bem, eu sei que você ficou nervosa com a situação, mas também não precisa exagerar não é mesmo?? Afinal de contas o rapaz também deve ter ficado assustado com a sua reação, eu posso lhe garantir que ele não esperava que fosse desse jeito.
Lisa dizia isso para irmã e em sua mente ia imaginando a cena... Sua irmã acordando assustada e se levantando a cara do rapaz tentando se desculpar sem ao menos conseguir... e de repente desatou a rir, e sua irmã olhando para ela como quem não estava achando graça nenhuma.
- Não sei do que você está rindo, sinceramente não achei graça, e eu só queria ver se fosse com você, no mínimo você teria chorado, do jeito que você é medrosa.
- Me desculpe, mas é que é engraçado imaginar o rapaz lá parado com cara de tonto tentando se explicar e você que é tão valente saindo correndo e deixando ele falando sozinho.
Dizia isso misturando palavras e risos, e enxugando as lágrimas provenientes do riso em excesso, e quando estava já parando, uma olhou para outra, e não se conteram então as duas começaram a rir...
- Sua idiota, você fica aí rindo das desgraças alheias...
Disse isso já bem mais calma e rindo dela mesmo.
- Olha Diana, você pode ter ficado realmente assustada na hora, mas que agora é engraçado, isso é viu!!!
E naquele dia ficaram ambas rindo do susto e da cara do desconhecido.

A semana havia transcorrido calmamente, e o sábado era esperado com ansiedade já que haveria uma excursão para um lugar muito conhecido, mas que não cansavam de visitá-lo afinal havia ali uma das mais belas cachoeiras da região, e também por ser uma cidade interiorana não tinha assim muitos lugares para os jovens se divertirem. Os dias tinham passado rapidamente, mas aquela tarde de sexta se arrastava, e os ponteiros do relógio parecia que estavam quebrado.
- Hoje vai dar 10 horas da noite, mas não vai dar seis da tarde, meu Deus!!!!! “Di” reclamava para sua amiga Vanda, que passara na loja para confirmar a sua ida no passeio.
- Você vai mesmo amanhã, não é Di?? Perguntava-lhe a amiga.
- Mas, imagina só se eu iria perder esse passeio? Por nada desse mundo eu deixaria de ir, afinal aquele lugar é maravilhoso, mas olha Vanda, você não esquece de ir lá em casa hoje a noite e pedir para minha mãe deixar eu dormir na sua casa, e não vai esquecer de dizer que amanhã o grupo de jovens vai fazer um dia de reflexão no convento, está bem???
- Pode deixar, na hora combinada eu apareço lá, está bem? Olha, já comprei o seu biquini e coloquei na minha bolsa, agora deixe eu ir senão vai ficar tarde, tchau.


Ao sair da loja, foi logo para casa, onde ficou esperando a visita da amiga na hora marcada. E dito e feito, as sete e meia a amiga chegou a sua casa.
- Oi Vanda, tudo bem?? Entra, olha só mãe quem está aqui!!?? Sua mãe, que se encontrava sentada na sala, cumprimentou a amiga, e “Di” foi com ela para o quarto, e ficaram conversando por algum tempo. Depois ambas saíram do quarto em direção a sala.
- Mãe!!?? A Vanda tem uma coisa para te falar. Sua mãe sem se levantar do lugar, virou a cabeça em direção da amiga e completou:
- Pode falar Vanda. Disse isso com aquela autoridade de mãe, que previamente sabia que lá vinha alguma coisa.
- Sabe o que é Dona Ercília, é que amanhã o grupo de jovens vai passar o dia fazendo um retiro lá no convento Santa Joana e eu vim chamar a Diana para ir comigo, e se a senhora deixar, ela poderia dormir lá em casa, pois amanhã nós vamos sair bem cedo.
- Lá vem vocês com historia de novo, pensa que não sei que vocês vão ficar fofocando até tarde da noite e que possivelmente irão comentar sobre a vida da cidade inteira???
- Que isso mãe, a senhora acha que nós somos o quê??
- É melhor não falar a verdade, pois você podem achar ruim não é mesmo? Mas me digam uma coisa que horas vão sair amanhã????
- Bem a gente vai encontrar com o pessoal ás 7:00 horas, então vamos sair maio ou menos as 6:00 horas lá de casa. Disse Vanda tentando convencê-la da necessidade da amiga pousar em sua casa.
- Então está bem, mas olha você se cuidem está bem?????
- Aaaaai mãe!!!!! Você é demais!!! Eu te adoro!!!! E Diana agarrou sua mãe e encheu ela de beijos e abraços, e saiu correndo pela sala pulando de alegria em direção ao seu quarto para arrumar as suas coisas.

Aquela manhã estava maravilhosa e o passeio prometia ser dos mais agradáveis. E no caminho as duas amigas iam planejando o dia na cachoeira, a euforia tomava conta das duas, e iam se atropelando uma na conversa da outra como se não quisessem perder um só detalhe do passeio. Quando chegaram no lugar programado para o encontro a euforia foi ao máximo e cumprimentavam os amigos com beijinhos e abraços e logo foi formando uma rodinha aqui e outra ali, e em cada rodinha tinha um que era o centro das atenções e numa delas Diana ocupava o posto. Parecia uma celebridade, ria e conversava com o pessoal e gesticulava muito, seus gestos eram daqueles que ocupavam muito espaço, fazendo com que todos que estavam a sua volta prestassem atenção nela.
De repente ela ouvia uma voz conhecida atrás dela cumprimentando o pessoal, e pelo timbre de voz reconheceu Ana Carla, sua amiga de longa data, e ela virou-se para dar-lhe as boas vindas. Ana deu-lhe um abraço caloroso e os três beijos na face, foi neste momento que ela percebeu que a amiga não estava só, pois tinha alguém atrás dela e ao olhar aquele rapaz Diana estremeceu dos pés a cabeça, pois era o mesmo rapaz de uns dias atrás que encontrou no dia em que estava dormindo embaixo da árvore.
- Pessoal este é meu primo, e ele veio passar uns tempos na minha casa, e eu o convidei para passear conosco. Paulo essa é minha amiga Diana. Disse isso saindo de lado para que se conhecessem.
- Prazer Diana, espero que não tenha causado má impressão a você, pois ainda não tinha tido a chance de me desculpar daquele dia, se bem que você fica muito bonita quando está assustada, sabia??? Disse isso como que querendo ser gentil, mas o pessoal que estava ao redor ficou sem entender nada. Mas ela ficou corada de vergonha, e pela primeira vez o pessoal viu Diana perder o rebolado.
- Não foi nada. Disse ela sem graça
Ela o cumprimentou, e logo pediu licença e foi conversar com outro pessoal que estava mais a frente, como que fugindo para não dar explicações aos outros. Mas de nada adiantou, porque sua amiga Vanda correu atrás dela e queria saber de qualquer o que tinha acontecido.
- Diana, minha amiga, o que foi que aconteceu lá atrás que eu fiquei sem entender absolutamente nada?? De onde você conhece aquele gato primo da Ana?? A curiosidade estava estampada no seu rosto, e Diana a puxou para um canto da praça e sentaram num banco onde já batia um pouco de sol e aquecia aquela manhã.
- Você não imagina o que aconteceu Vanda, parece coisa do destino, mas aquele cara eu conheci uns dias atrás numa situação completamente estranha. E então ela começou relatar a amiga o ocorrido. E ao terminar Vanda estava com a boca aberta, como que não querendo acreditar em tamanha coincidência.
- Caracas amiga, isso parece coisa de novela, olha só de você me contar já fico arrepiada.
- É mas eu na vejo graça nenhuma nisso, pois o cara me deu um grande susto naquele dia, que até agora ainda penso nisso.
- Em quem no cara ??? Vanda fez como quem não tinha entendido.
- Não sua idiota, claro que não!! E quando a amiga tentava fazer mais uma gracinha, uma voz veio lá de trás, era o Carlos, chamando o pessoal para entrarem no ônibus.
Diana sentou na terceira fila no banco do lado do corredor, e ao seu lado sentou-se a Vanda. E logo o ônibus ligou os motores, como que querendo apressar o restante do pessoal que conversavam no outro lado da rua.
Em vinte minutos já estavam a caminho da cachoeira. E dentro do ônibus reinava a maior alegria, todo mundo conversando, contando piadas, e os risos ecoavam pelo ambiente. Quando o Carlos foi a frente do ônibus e pediu a atenção de todos, as conversas foram cessando vagarosamente, só o pessoal do fundo que insistia na algazarra, e Carlos teve que dar um gritou para chamar a atenção deles, quando o barulho cessou ele completou:
- Bem pessoal esse passeio é mais um de tantos que já fizemos, mas quero mais uma vez lembrá-los de que tenham cuidado quando chegar lá, pois apesar de ser muito bonito o lugar oferece alguns perigos, então peço aos que já foram outras vezes orientem quem vai pela primeira vez, está bem?? Outra coisa, eu sei que vocês têm sempre o grupinho que se formam, por isso quero lhes propor uma brincadeira, quero que vocês troquem de lugar, quem estiver na parte da frente vai se sentar na parte de trás e vice e versa, e quem estiver no corredor irá se sentar na janela e quem estiver na janela senta no corredor, está bem??? Vou contar até três. 1,2,3 já!!!!
Quando ele disse isso, foi uma bagunça daquelas, o pessoal se batiam no corredor, e a gritaria tomou conta do lugar. Alguns mais engraçadinhos cortavam caminho pulando os bancos, fazendo com que a reclamação aumentasse. No final das contas e depois de algum tempo, cada uma foi se ajeitando no seu lugar.
Diana foi sentar no fundo do ônibus, e como estava no corredor acabou sentando-se na janela, como indicara Carlos, o banco ao seu lado tinha ficado vazio, quando de repente ela ouviu alguém dizer:
- Com licença, posso me sentar ao seu lado???
Ao levantar a cabeça para responder, a voz não saiu, pois ao seu lado veio se sentar o primo da Ana, aquele que quase a matou de susto. E quando ele se sentou ao seu lado, ela, apesar de sem jeito, pode sentir aquele perfume gostoso que invadiu seu nariz. E ela só conseguiu balançar a cabeça, consentido o rapaz a sentar-se ao seu lado.
O silencio permaneceu por algum tempo, pois ambos não sabiam o que falar um para o outro, e se ele não tivesse resolvido quebrar o silencio, iam ficar mudos a viagem inteira, então o rapaz disse:
- Bonito essas paisagens não é mesmo?? Tentando puxar a conversa.
- É muito bonito. Confirmou ela, um tanto quanto sem graça por tê-lo ao seu lado.
O seu pensamento estava em entender o porque aquele rapaz foi se sentar logo ao seu lado, tantos lugares havia naquele ônibus, e logo ali ele se sentou, mas ela não podia nem disfarçar e sair para outro bando, pois estava todo lotado, então teria que ficar ali. Mas o curioso era que ela na verdade não queria sair dali, pois aquele perfume era muito agradável e o rapaz também era bonito, o lábio bem torneado, os olhos brilhantes e castanhos, os cabelos eram lisos e a pele bronzeada, era um belo tipo. E o que mais a intrigava era que se sentia inquieta ao seu lado, sua presença a incomodava, não era aquele incômodo de chato, mas a incomodava. Foi então que ele mais uma vez tentou conversar com ela.
- Você costuma ser assim sempre ou é só comigo??
- Assim como??? Diana perguntou um tanto sem graça.
- Calada, não quer puxar assunto, talvez eu a esteja incomodando se for o caso eu me mudo de lugar. E dizendo isso ameaçou se levantar, quando de repente ela interveio.
- Não, não por favor fique, eu que sou sem assunto mesmo, mas não se incomode, pode ficar, prometo que tentarei melhorar, está bem???
- Bom sendo assim, diante de tanta insistência, sou obrigado a ficar não é mesmo? E disse isso como se ela tivesse pedido para que ele ficasse ao seu lado, o que a deixou um pouco embaraçada. Mas daquele momento em diante foram conversando sobre diversos assuntos. Ele contou-lhe que viera de São Paulo, e estava resolvendo se ficaria ou não na cidade, e isso ia depender dos acontecimentos, pois esta desempregado e essa situação não poderia perdurar-se para sempre, pois estava na casa de sua prima e isso não uma situação muito agradável para ele. Tinha achado a cidade muito acolhedora e encantadora, e de repente virou-lhe e disse:
- Uma das coisas que mais gostei nesta cidade foram as mulheres, são muito bonitas e simpáticas, se bem que uma das mais bonitas me deixou debaixo de uma árvore sem poder nem ao menos me desculpar pelo susto que havia dado nela.
Diana enrubesceu, e não sabia o que falar, pois naquele momento sentiu o chão sumir sob seus pés. E ele continuou dizendo:
- Me desculpe por aquele dia, não era minha intenção assustá-la, mas que eu a vi dormindo sob a sombra daquela árvore, e parecia uma bela adormecida, então eu resolvi não acordá-la, mas não consegui me conter e me aproximei, e foi aí que você despertou e se assustou e saiu correndo sem ao menos me dar uma chance de me desculpar.
- Não se preocupe, eu sei que fui indelicada, mas é que quando abri os olhos e o vi na minha frente, a única coisa que me veio na idéia foi correr. Ela tentava se justificar para aquele rapaz quem nem ao menos conhecia, e isso a deixava preocupada, pois ela se achava tão independente e senhora de si, não era de seu feitio fazer aquele papel.
- Bom agora que já me desculpei, será que posso saber mais um pouco da pessoa que me deixou plantando naquele dia como um dois de paus????
- Como assim, não estou entendendo??
- Bem seu nome, onde mora, o que faz e se tem namorado...
Ela olhou para ele, e franziu a testa em sinal de surpresa, pois a pergunta era um tanto quanto direta, e ela não era acostumada com um rapaz tão direto assim, e afinal quem ele pensa que é?
- Bem pelo menos o nome e onde mora eu posso saber não é mesmo???
Ela ficou sem graça, e diante da insistência dele lhe disse o seu nome e onde morava.
- Bem, meu nome é Diana e eu moro na Vila São Bento, bem próximo do lugar onde você me encontrou naquele dia, debaixo daquela árvore.
- E que você fazia ali naquele lugar sozinha???
- Bem é que eu vou sempre ali, eu gosto de ficar observando aquele lugar, ele me traz uma paz imensa, e sempre quando quero ficar sozinha eu corro para lá.
- Bela escolha, pois o lugar realmente é maravilhoso, e agora que já sei algumas coisas de você e já não somos tão desconhecidos assim será que posso saber se você tem namorado???
Diana sorriu diante da insistência do rapaz, mas por fim cedeu a curiosidade dele.
- Não, não tenho namorado, gosto muito da minha liberdade, e um namorado prende muito a gente e não aprecio ficar presa a ninguém. E sem perceber virou-se para a janela e começou a observar a paisagem lá fora, que passava tão rápido, e como ela estava olhando o vazio só via o vulto das árvores e dos carros. E era uma das suas repentinas fugas quando tocava naquele assunto do coração.
E ele percebeu a fuga da garota do interior diante daquele assunto, então resolveu não tocar no assunto que tanto a incomodava. E o silencio voltou a reinar entre eles, pelo menos até novamente o organizador da excursão resolver chamar a atenção de todos novamente, comunicando que dentro de quinze minutas estariam chegando ao seu destino, e portanto pedia que o pessoal mais uma vez tomasse cuidado na cachoeira, e que cada um escolhesse um pessoa para que ficassem sempre juntos, no caso de alguém precisar de ajuda, ou alguma coisa acontecesse.
Diana, já tinha sua amiga Vanda, então não se preocuparia em procurar alguém para ficar junto. Mas o que ela não contava era que Paulo fosse tão cara de pau e lhe disse:
- Será que você poderia ser minha companheira, pois eu não conheço muito bem a região??
- Mas, e a sua prima Ana, ela não vai ficar com você??
- Bem, eu sei que ela não iria ficar chateada, se eu disser a ela que encontrei uma pessoa encantadora para ficar ao meu lado, e a sua amiga também tenho certeza que poderá me substituir junto a ela, não é mesmo?? Disse isso se adiantado a próxima desculpa que ela daria a ele para não ficarem juntos o dia inteiro.
- Bem é que eu preciso conversar com minha amiga Vanda, pois nós combinamos de ficar juntas neste passeio. Ela tentava se justificar para aquele rapaz persistente.
- Ótimo, iremos nós dois conversarmos com ela, está bem??? E nesse momento o pessoal já estava se preparando para descerem.
Quando desceram as pessoas se juntavam ao lado do ônibus, para combinarem com seus pares, e Diana procurava a amiga para lhe pedir socorro, quando a avistou lhe fez um sinal chamando-a para junto de si. E ela veio falar com ela, quando estavam conversando co lado delas chegou um rapaz, que já não era mais estranhos para ambas, e sem rodeios, perguntou:
- Então você vai liberar sua amiga para ser minha guia neste passeio, ou será que terei que sair por aí procurando outra pessoa.
- Bem é que nós havíamos combinado que iríamos...
-... Ficar juntas!! Completou o rapaz. – eu sei, mas é que sou novo aqui e já conheço bem minha prima, então nada melhor do que essa chance para fazer amizade com alguém, e sei que isso não significa que vocês vão ficar separadas o dia todo não é mesmo, só que a preferência hoje será minha. E olha ouvi dizer que a hospitalidade dessa cidade é algo fora de série.
Ambas olhavam uma para a outra, como que sem saber o que fazer diante da insistência daquele rapaz, então Ana resolveu se pronunciar e disse:
- Olha eu não me importo em ter a Vanda em minha companhia, além do mais eu já tenho que aturar o meu primo em casa, então seria um alívio que alguém lhe fizesse companhia durante o passeio.
Então não tiveram como negar a situação e acabam por aceitar a sugestão do rapaz que insistentemente solicitava a companhia de Diana. E então combinaram de se encontrar dentro de 20 minutos para dar início ao passeio. Logo que se afastaram as duas amigas comentaram sobre a situação que no mínimo era engraçada.
- Puxa, você tem uma sorte danada amiga, olha que na minha rede não costuma aparecer um peixão tão grande, e vamos combinar que o cara é um gato, isso ele é!!!!! Vanda dizia com um certo entusiasmo.
- É, mas eu não sei se deveria aceitar essa situação, pois devo confessar que ele é muito bonito, mas esses caras que vem de longe não costumar dar boa coisa... mas uma coisa devo lhe confessar ele mexe comigo e isso me dá medo sabia...
Naquela hora ela estava sendo sincera, pois Paulo tinha lhe despertado a atenção e isso ela não podia negar, e estava insegura quanto a insistência dele em acompanhá-la no passeio.
- Espera aí minha amiga, você que é uma pessoa tão segura de si, quer me dizer que se deixou balançar por um carinha bonita que apareceu na sua frente????
- Não Vanda, não é isso, aliás, eu não sei te explicar, mas eu não me sinto totalmente a vontade na presença dele, ele me faz sentir como... Como... ah!! Não sei te explicar entende???
- Olha, entender eu não entendo, mas eu acho que você gostou dele.
- Não fala besteira, eu só estou lhe dizendo que ele me incomoda, só isso.
- Sei, claro... Vamos espera no fim do dia.
E seguiram em silêncio até o ponto de encontro que haviam marcado, no caminho “Di” ficava pensando consigo mesma o que havia naquele rapaz que lhe chamava a atenção e isso a incomodava, mas mesmo assim era algo inédito em sua vida, pois ela já havia vindo a cachoeira tantas vezes e aquela era uma situação inédita, e ela sempre tão segura agora se via completamente sem saber o iria acontecer...
- Oi!!! Demorei muito???? Era Paulo que chegava todo empolgado para o passeio, com uma mochila nas costa.
- Não eu acabei de chegar. Respondeu-lhe Diana querendo parecer o mais natural possível.
O visual das águas caindo era algo maravilhoso era como se tivesse uma cortina de água que caía lá de cima e fazia um espetáculo maravilhoso, pois o contraste que se formava com o verde da mata ao redor, cheio de ipês coloridos, amarelos, roxos... e com o barulho das maritacas que passavam em bandos sobrevoando o lago formado pelas águas que caiam era divino. E podia se sentir o frescor que vinha dos respingos de água que levantava e fazia uma névoa sobre o lago formado pela queda d’água. As pedras ao redor do lago estavam todas molhadas pelos respingos da água, e tinha que tomar cuidado ao andar por cima das pedras. Quando se olhava para o alto via-se a corredeira de água que vinha lá de cima do morro deslizando sobre as pedras, fazendo daquele bailar um espetáculo.
-É uma visão maravilhosa, não acha?? Paulo falou como se estivesse sonhando ao ver a paisagem.
- É realmente lindo... Diana sussurrava como que seus pensamentos saísse pelos lábios e concordasse com o seu interlocutor.
Tudo ali cheirava natureza, e deixava as pessoas inebriadas com a sua beleza, e talvez tenha sido aquela paisagem que fez com que se soltassem mais e os levassem a não perceber a passagem das horas, e quando se deram conta o sol já se apresentava no horizonte se despedido do público, pois o espetáculo do dia já estava no fim.


























Capitúlo IV


Paulo perambulava pela cidade pequena e apreciava aqueles prédios antigos que parecia que iria sair dali uma pessoa vestida com aquelas roupas de antigamente, o que fazia com que ficassem ainda mais fascinado pela cidade.
Já fazia alguns dias que não via Telma, pois desde daquele passeio, ela tinha desaparecido, mas ainda tinha a esperança de encontrá-la.
Paulo sentou-se no banco daquela praça e observava uma criança que corria atrás de uma pombinha, tentando pegá-la, mas cada vez que chegava perto ela dava um salto e voava alguns metros fugindo dele e ele soltava uma risada e corria atrás dela novamente.
Foi naquele cenário que ele pensava no seu passado, ainda criança, via sua mãe levando-o a escola e despedindo-se no portão com um sorriso. Seu rosto era como uma pintura, pois sempre estava sorrindo para ele, os cabelos preto e longos, amarrado sempre em forma de coque ou então presos, seu rosto corado, parecia uma maça madura, os olhos negros lembrava duas jabuticabas, ele gostava de acariciar seu rosto e chamá-la de “minha princesa”. Seu corpo de estatura média se apresentava esguio e apesar da difícil condição financeira suas roupas eram elegantes.
O pai era uma pessoa comum não se apresentava diferente dos outros pais, tinha os cabelos pretos com uma calvície na fronte, seu queixo um pouco fino lembrava os personagens de filmes de Sherlock Holmes, e o óculos de aro redondo o deixava com uma cara de professor, estatura média, quando chegava do serviço a tarde era uma grande festa.
Paulo sempre perguntava porque não tinha irmãos, e sua mãe sempre desviava da conversa, deixando-o sem resposta ou entrava com outro assunto.
Aos quinze anos recebeu uma notícia que o deixara desesperado, pois num acidente acontecera próximo a sua casa, e de repente alguém entrava correndo portão adentro gritando pelo nome de sua mãe:
D. Elza,!! D. Elza!! , o Seu Carlos, o Seu Carlos, sofreu um acidente!!!!!
Correram para ver o que acontecera, e Paulo percebeu que aqueles 500 metros até a esquina de sua casa havia se transformado em quilômetros. Quando chegara, percebeu a aglomeração no local e quando finalmente pode ver alguma coisa, a cena era no mínimo estarrecedora, pois viu seu pai caído no chão e alguns paramédicos tentando socorrê-lo. Após leva-lo para o hospital, sua mãe estava inconsolável e alguns tentavam ampará-la. Quando chegaram no hospital lhe disseram que seu pai não resistiu aos ferimentos, e naquele instante tudo parecia desabar.
Após o enterro, foi para casa e ficaram a sós ele e sua mãe, e a casa parecia vazia. O tempo passara e ele teve que trabalhar para ajudar sua mãe a manter a casa, e sua mãe era sua grande companheira.
A faculdade foi uma dificuldade muito grande, mas sua mãe havia dito que deveria fazer, mesmo com todo sacrifício, e aos 22 anos havia se formado em direito e tinha um título de doutor, deixando sua mãe orgulhosa, e ao receber o diploma ela olhou bem em seus olhos e disse:
- Seu pai iria ficar orgulhoso de você!!!! E deu-lhe um longo e caloroso abraço.
O tempo correra depressa e ele estava agora trabalhando na profissão num pequeno escritório, juntamente com outros dois advogados.
E foi numa dessas idas ao fórum que ele descobriu uma coisa interessante, ao ter que fazer um levantamento sobre uma ação de adoção de uma criança, descobriu que o nome de seu pai figurava numa das fichas do fórum, juntamente com o de sua mãe, e levantando o processo, ficou sabendo que eles haviam adotado uma criança e ficou atordoado quando terminou de ler o processo, pois nunca ficara sabendo de um irmão, foi então que uma luz o deixou desolado e percebeu que a criança só podia ser ele.
Largou o processo em cima da mesa e saiu sem direção pela cidade, andou por varias horas, sem coragem de ir até sua casa. Parou numa lanchonete pedira uma cerveja e foi ali na companhia daquela cerveja que tomara uma decisão, iria para casa e falaria com sua mãe.
Chegou em casa e a mãe estava na cozinha, já tinha chegado do trabalho, sentou no sofá da sala e ficou ali, sem coragem de ir até lá e obter a confirmação, mas não precisou ir, logo ela percebeu sua presença e foi até lá. Ao perceber seus olhos vermelhos, ficou preocupada e correu abraça-lo, perguntando o havia acontecido. Mas as palavras lhe faltava naquele momento, e só conseguia chorar e desabou nos ombros da mãe, deixando-a desesperada.
Após alguns minutos, recobrou-se e olhando no rosto da mãe, foi direto ao assunto, perguntando-lhe sobre a sua adoção, a mãe ficou paralisada diante daquela revelação, ele não devia saber disso, era um segredo entre ela e seu marido. Mas ele estava ali, perguntando sobre o assunto.
Ela relutante percebeu que não adiantava esconder mais, então só havia uma alternativa, contar a verdade, e começou a narrar-lhe os fato:
Quando ela se casara, tinha um sonho de ter um filho, então havia tentado por algum tempo, engravidar, mas isso não acontecia, quando finalmente procurou um médico e descobriu que não poderia realizar o sonho, então ficou desolada e triste por ser uma árvore que não daria frutos, e por muito tempo a tristeza lhe abatera. E foi numa manhã que seu marido havia lhe falado sobre a adoção, ela logo de princípio abraçou a idéia, e então começou a procura, mas logo perceberam que adotar uma criança não era tão fácil assim, a burocracia era enorme, estavam já quase desistindo, quando uma irmã que morava no interior lhe disse sobre uma criança para adotar, cuja a mãe não tinha condições de criar, foi então que foram até lá e as esperanças se renovaram. Conseguiram finalmente trazer a criança para casa e através de um advogado amigo, fizeram a adoção, e alegria voltou a encher a casa, e logo o fato de ser adotado passou para o esquecimento. O seu marido, sempre lhe dizia que o melhor era contar-lhe a verdade, e esperavam o momento certo. Depois daquela tragédia tudo ficou confuso, e ela tinha medo de que perdesse o filho, então decidiu esconder o fato, mas parecia que o destino lhe pregara uma peça e a verdade veio a tona.,
Os olhos de sua mãe estavam perdido em algum ponto da sala, e suas palavras saiam como que um ato de peça teatral, um ato que fora ensaiado, mas que tinha sido retirado da peça. Foi então que ao fitar aqueles olhos negros, segurou seu rosto e deu-lhe um beijo demorado na face rosada.
Eu nunca vou lhe deixar, você é minha mãe, e isto não muda absolutamente nada entre nós vou te amar prá sempre. Paulo disse isso com a sinceridade mais profunda da sua alma.
Aqueles dias foram como que um renascimento, parecia que os laços ficara ainda mais forte entre eles, se é que isso era possível,apesar de que não saía da cabeça de Paulo, agora fazia sentido, de que seus pais nunca ter ido visitar sua tia, e quando ela vinha até a casa deles ficavam de segredinhos, e ele achava que era coisa de mulher, mas agora percebia tudo.
Quando sua mãe, ficou doente, ele se viu sozinho, o coração estava com problemas de circulação e tinha que ser feito uma cirurgia de emergência para o que se fizesse o desentupimento da veia. A operação havia sido um sucesso, mas um problema tinha acontecido, sua mãe na retornara da anestesia, e quando os médicos tentavam tirar os aparelhos, o coração na agüentava. Os médicos ficaram nesta luta durante horas, dias, semanas, até que o organismo já não agüentara mais e não resistiu. O choque foi demais, ele pensou que não ia resistir, mas as forças vieram de algum lugar e o sustentara naquele momento, teve forças para agüentar o sepultamento da mãe e a volta par casa, agora mais vazia do que antes.
O tempo foi passando, e como não há dor que resista ao tempo, sua vida foi voltando ao normal. Um dia quando chegou em casa, olhou para as paredes e parecia que aquela casa não mais era a sua, pensara no que o advogado lhe disse, que tinha uma pequena propriedade na cidade do interior, que seus haviam deixado, então numa manhã de setembro resolveu que iria procurar o seu passado, para entender o que havia acontecido realmente em seu nascimento, porque por mais que havia prometido a sua mãe a necessidade de saber, era mais forte.
E naquela tarde de sol, entrou na rodoviária comprou a passagem para a cidade de Passos e partiu de encontro ao seu passado, sabia da sua tia e que tinha uma prima de nome Vanda, mas que não a conhecia pessoalmente, e o ônibus partira suavemente com passageiro que encostado no vidro, olha a cidade com seus prédios enormes e ruas com um vai e vem de pessoas, que mais parecia um formigueiro, que iam ficando para trás e pareciam distante daquele indivíduo, que partia.

Ao chegar no seu destino, o ônibus percorria a entrada da cidade, e ele ia observando as casas, que pareciam um tanto antigas, mas as pessoas estavam nas janelas observando o ônibus que chegava, parecia que era uma das grandes atrações do lugar. Ao avistar a rodoviária, um tanto quanto desgastadas pelo tempo, as paredes estavam enegrecidas pela fumaça do escamentos dos ônibus, ao longo do prédio se estendiam algumas lojinhas com seu produtos em ofertas expostos na porta.
Ao descer deu uma grande bocejo, para tentar espantar o cansaço da viagem, se dirigiu para um guichê a sua frente, enquanto caminhava tirou do bolso o endereço de sua tia, a única parente que conhecia, e mostrando ao homem que se encontrava no guichê, perguntou-lhe se conhecia o endereço, o homem segurou o papel nas mãos e ao ler, esboçou um sorriso de satisfação, e passou a explicar o melhor caminho para se chegar no destino.
Ao se dirigir para casa da tia, ia pensado no que ia dizer, pois não havia avisado que viria, mas como sua tia já havia mencionado que a casa estava a disposição na hora que sentisse vontade de ir visitá-la, então decidiu ir, apesar que o motivo que o levava naquela cidade era completamente diferente do que iria contar a tia.

O tempo passara depressa e a cada dia se via mais apegado aquela cidade e aquelas pessoas, tudo parecia se encaixar na sua vida, a tia que o recebera de braços abertos e a recepção calorosa da sua prima, que agora lhe parecia mais uma irmã, e ele acabou descobrindo uma outra família em sua vida.
Um dos momentos marcantes foi aquele dia em que viu aquela linda menina debaixo de uma arvore frondosa descansando, e parecia um anjo com aquele rosto lindo. Ficou observando ela dormindo por algum tempo e quando chegou perto, com muito cuidado para não fazer barulho, ela acordou e o olhou assustada, e ele tentado se desculpar pelo maus modos, mas por mais que tentava, as palavras não surtiam o efeito esperado e foi então que ela levantou num sobressalto e saiu correndo assustada, deixando-o ali tão assustando quanto, sem saber o que fazer me ele bem que tentou acompanha-la mas não conseguiu..
Quando contou a sua prima o ocorrido, ela riu imaginado a cena cômica, e pela descrição e o local que se achava falou que conhecia a pessoa que ele havia assustado e que quando houvesse uma oportunidade a apresentaria.
E aquela mulher não lhe saía da cabeça, até aquela chance da excursão na cachoeira, que iria aproveitar com certeza.
E os momentos mágicos daquele passeio foram marcantes e parecia um sonho, apesar de que nada de mais havia acontecido entre eles, mas com certeza a proximidade daquele dia os deixara bem mais próximos.
E a vontade de vê-la novamente, cada dia aumentava e ele não entendia o que estava acontecendo com ele, mas que com certeza era algo que até então não conhecia.




Diana, havia passado alguns momentos maravilhosos naquele passeio, e aquela cachoeira que já havia estado tantas outras vezes, lhe parecia totalmente diferente, alguns detalhes que até então tinham lhe passado despercebido, agora a tocaram profundamente, aquele passeio mexera com ela, aliás, aquele rapaz tinha despertado dentro dela uma coisa muito estranha, mas ao mesmo tempo era algo que gostava de sentir.
E agora ela se pegava as vezes parada perdida no tempo, pensando naquela voz, no rosto, na gentileza e até dos escorregões que ele tinha levado, parecia uma menina boba que tinha ganhado um presente. E ela não via a hora de vê-lo de novo.
No trabalho, Vanda havia notado que Diana andava um pouco perdida em pensamentos, e logo percebeu que algo havia mudado com ela.
Di, me fala uma coisa o que está acontecendo com você, você anda muito estranha, e já não presta atenção em nossas conversas...
Não é nada só quero ficar um pouco só, e isso ainda não é proibido não é mesmo??? Di retrucou logo para que a amiga não lhe perguntasse mais nada e saiu em seguida.

Ao chegar em casa, percebeu que sua mãe estava na cozinha, passou e a cumprimentou, e se dirigiu para o quarto, deitou na cama e ficou com o olhar perdido no teto. Passou algum tempo ali, com o pensamento perdido em sonhos distantes.
Uma moeda pelo seus pensamentos!!! Aquela voz lhe trouxe de volta a realidade, era sua irmã que havia chegado em casa.
- Tenho notado que você anda muito estranha ultimamente, será que posso saber porquê??? Ou é algum segredo que não posso saber???
Di sabia que a sua irmã era sua grande amiga, mas que não se sentia a vontade para lhe contar aqueles pensamentos que lhe atormentava, por isso disfarçou e disse que era algo sobre o trabalho e logo iria passar.
E os dias se passaram, aliás os dias se arrastaram, pois ela a cada dia que se passava crescia a vontade de encontrar com Paulo, mas parecia que o destino os fazia brincar de gato e rato e quando um chegava o outro saía.
E naquele dia ela seguia seu caminho para casa, quando de repente a brisa macia soprou em seu rosto, e ela como que seguindo os seus impulsos se dirigiu a aquele lugar onde havia encontrado Paulo, e ao chegar próximo daquela árvore sentiu o coração palpitar e um frio percorrer-lhe a espinha. E quase que automaticamente foi se sentar debaixo daquela árvore frondosa, ficou ali pensando em tudo aquilo que estava acontecendo em sua vida, era algo novo que jamais havia sentido, era uma vontade louca de vê-lo de correr ao seu encontro e abraçá-lo, mas ao mesmo tempo aquela angústia de não poder dizer o que sente a consumia por dentro. Ficou ali, entregue aos seus pensamentos e sonhos, e de repente sem perceber adormeceu ouvindo o canto dos pássaros e o barulho do vento nas árvores, e entregue aquele momento de silêncio, sonhava.
Sonhava com os carinhos daquele que seu coração pedia, e era um sonho tão real que podia sentir o toque das suas mãos em seu rosto, e como para não perder aquele momento se entregava aos carinhos daquelas mãos macias... Aos poucos foi abrindo os olhos e parecia que aquele rosto com os olhos castanhos escuros, cabelos pretos e boca aveludada ainda não lhe saíra da memória, pois ainda o via a sua frente e fitando-lhe com um olhar penetrante que lhe desnudava a alma, e de repente se deu conta que não estava sonhando, ele estava ali a sua frente realmente, e ao tentar se levantar ficou de frente com ele, e parecia que um imã a puxava, e foi se deixando envolver-se pelos seus braços, sentia aquele perfume, e não encontrou forças para resistir, seus lábios se encontraram e ávidos por aquele beijo entregaram-se mutuamente... e foi como se de repente tudo viesse a tona, aquela saudades, a paixão que os envolvia, a espera de encontrar um amor distante...
Ele a abraçou, como se a prendesse para não deixá-la sair de perto dele, como para que eternizar aquele momento que era só deles, e que tinha por testemunhas a brisa, as árvores e os pássaros que cantavam uma trilha sonora para marcar aquele momento inesquecível.
- Sabe que desde daquele dia que te vi aqui debaixo desta árvore eu não te esqueci um só momento? Ele disse quase sussurrando em seu ouvido.
- Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas eu não consigo deixar de pensar em você e hoje quando saí da loja eu vim caminhando pela estrada e quando percebi estava aqui neste lugar. Ela respondeu sem abrir os olhos.
- Você sabe que eu vim de tão longe e encontrei você aqui, e lhe confesso que tive medo de que você já tivesse alguém ao seu lado, e isso me assustava a cada dia.
- Eu também confesso que pensei a mesma coisa.
E ficaram ali por um bom tempo, se abraçando e se beijando, até que perceberam que a tarde estava caindo e o sol estava se pondo no horizonte, então resolveram sair dali e ir embora, e quando já estavam indo embora, ela parou, olhou para trás e segurando-lhe a mão, respirou fundo e disse:
- Esse será o nosso lugar, e que jamais o esqueceremos.
- Sim, o lugar onde encontrei a mulher que me roubou o coração...
E seguiram em frente de mão dadas.

Eles passaram a se encontrar todos os dias, sempre ia buscá-la no trabalho e a levava até sua casa. Passou a freqüentar sua casa e fez amizade com sua mãe, seu pai e sua irmã e sempre nos finais de semana ia a sua casa para busca-la para passear. E com o passar do tempo ficavam a cada dia mais apaixonados e descobriram que foram feitos um para o outro.


Capitulo V

Ele conseguiu montar um escritório na cidade e estava exercendo sua profissão, e a cada dia sua clientela aumentava, e sua vida se consolidava na cidade, fazendo com que se esquecesse do propósito que o trouxera até ali.
O tempo ia passando e já fazia dois anos que estavam juntos, quando um dia ele chegou em sua casa e reuniu todos e fez um comunicado importante:
- Seu Gomes, Dona Ercília, quero comunicar aos senhores que estou oficialmente ficando noivo de sua filha, isso é, se ela aceitar.
Ela não se conteve e se jogou em seus braços e enchendo-o de beijos e disse em tom de grande felicidade:
- Você acha que não iria aceitar um pedido feito pelo grande amor da minha vida, e que eu espero a muito tempo por esse dia?
E o abraçou com ternura, tentando demonstrar todo amor que sentia por ele, e naquele momento tão esperado, ela chorou em seus braços, e ele a abraçou e disse:
- Puxa, pensei que você fosse ficar alegre, não queria que chorasse...
- Eu estou chorando de felicidade, pois eu acho que não mereço tanto amor assim...
- Eu quero que você saiba,que o amor que sinto por você é tão grande que as vezes tenho medo que não caiba dentro do meu peito. Ele dizia isso olhando nos seus e acariciando-lhe seus cabelos.
- Eii!!, será que podemos dar os parabéns aos noivos, nós também estamos aqui. Sua irmã os trazia de volta a realidade, dando-lhe um abraço carinhoso.
- Cunhado espero que você trate bem minha irmã, pois é a única que tenho.
Ele sorriu e aceitou o abraço dela, e logo depois da sogra e do sogro que felizes os abraçavam felizes da vida.

Quem poderia imaginar que Diana pudesse encontrar o amor da sua vida, e principalmente sendo uma pessoa que vem de longe, de onde jamais ela poderia imaginar. Mas a vida é como um filme onde o roteiro já está escrito e que as vezes não nos é permitido lê-lo ou mesmo muda-lo, e que as vezes quando pensamos que podemos fazer com que ele tome um rumo diferente, apenas estamos fazendo com que se cumpra o que foi escrito.
Ambos faziam planos para a vida em comum, e discutiam quantos filhos iam ter, a lua de mel, a colocação dos móveis na casa onde iam morar... e quando finalmente marcaram uma data para o casamento, perceberam que todos os sonhos estavam preste a acontecer e suas vidas. Seis meses os separavam daquele dia, e o que parecia bastante tempo, não era o suficiente para a prepararem tantas coisas, a festa, a igreja, o cartório, as roupas do noivo, o vestido da noiva, ir de casa em casa dos parentes e entregar os convites...
E o grande dia chegou, a euforia daquele momento, o corre – corre parecia não terminar, o cabeleireiro, a maquiagem, várias pessoas dando palpites, o nervosismo aumentava, e o bolo que ainda não chegara, as bebidas que não couberam no freezer, como iremos receber os convidados...
Quando o relógio da igreja marcou seis e meia, o noivo já se encontrava no altar, sorrindo nervoso para os convidados na igreja, pensando onde estaria a noiva que já se atrasara meia hora, o padre já estava no altar e consultava o relógio, e o burburinho na igreja já era geral. De repente alguém entra na igreja e sussurra :
- A noiva esta lá fora e já vai entrar!!!
Quando começa a marcha nupcial e a porta se abre, Diana está simplesmente linda, o vestido branco tinha uma cauda que se arrastava pela igreja, a grinalda estava presa por uma coroa em sua cabeça que a deixava parecendo uma rainha, nas mãos o buquê de rosas brancas, o vestido parecia uma obra de arte feito sobre encomenda, mas o que mais se destacava na noiva era o sorriso, era uma felicidade incontida, que transpirava pelos seus poros e perfumava toda a igreja, a sombra dos olhos destacava o brilho que irradiava do olhar, ela estava realmente transpirando o amor que sentia naquele momento e fazia com que toda a igreja a reverenciasse.
E com passos lentos segurando o braço de seu pai que estava naquele momento o mais garboso dos pais, ia em direção daquele homem que tanto esperara e sonhara, cada passo que dava, passava em sua memória os momentos de espera que passara antes de conhecê-lo, os planos que fizera tantas vezes subindo o caminho de sua casa, os sonhos que construíram juntos em momentos tão felizes, e finalmente tudo estava para acontecer naquele dia, que com certeza seria para marcar a vida de ambos, era a realização de um grande sonho de sua vida estar se casando com o homem que amava... Ele a recebeu dos braços do pai, cumprimentando o sogro, e deu um beijo na testa dela, e entrelaçando em seus braços se dirigiram ao alta para receber a benção daquele amor que se consumava.
Ao saírem da igreja, se beijaram com intensa paixão que os convidados desapareceram por alguns segundos, era como só existissem os dois, naquele imenso mar de felicidade. E ao deixarem a igreja sabiam que felicidade os esperavam e com certeza iriam aproveitá-la com todo fervor, fazendo daquele romance uma grande historia de amor...
















Capítulo VI

E hoje depois de tanto tempo, ela ainda se lembrava daqueles dias, onde viveram grandes momentos que marcaram suas vidas. E ela ali sentada naquela varanda ao brilho da lua, podia ver as estrelas pendentes no céu, e que as vezes, como por simples mágica riscavam o céu se tornando cadentes, e ela cadenciava o ritmo da sua cadeira de balanço.
Os anos se passaram e agora a idade se abatera sobre ela, mas ainda não perdera o ímpeto do amor que tanto lhe fizera feliz, os filhos agora já adultos, e como por prêmio a vida lhe dera um casal de filhos maravilhosos, que alegravam aquela casa e a faziam esquecer da ausência de seu grande amor, já faziam três anos que Paulo se fora, e desde de então ela tem ficado ali a esperar que um dia ele pudesse voltar para viver ao seu lado, e todas as noites ela ao se deitar olhava aquele álbum de casamento, já amarelado pelo tempo, mas era ali que ela podia reviver momentos felizes da sua vida ao lado daquele que fora seu grande amor, e ela dormia com o álbum sobre o peito, e não entendia porque tinha ficado ali, os filhos já estavam grandes e auto suficiente, não precisavam mais dela.
Ela sempre conversava com Paulo, mesmo que em pensamentos, e sabia que ele a ouvia, e entendia seu amor, e ficava ali pois sabia que a qualquer hora ia poder estar perto dele novamente e agora para sempre...
Naquela manhã, o sol nascia forte e a janela aberta tinha um vento que soprava brando no quarto, a cortina balançava e um raio de sol batia na cama, no rosto dela, iluminando-lhe a face. Seu rosto estava sereno, com um leve sorriso nos lábios, as mãos estavam ainda segurando o álbum de fotos, mas não era com tanta força como das outras vezes, pois as forças agora já lhe faltava e o corpo estava sem movimento, apenas respondia a lei da gravidade. E naquela noite ela tinha finalmente feito a viagem que tanto esperara, tinha ido de encontro aquele que fora o amor da sua vida e novamente estariam juntos, só que agora para sempre...

FIM
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