Dou o sinal.
O ônibus para.
Subo a escada, encontro um conhecido qualquer.
E ai camarada!
Como que vai!
Legal!
Acho o número da minha cadeira, sento.
Fico esperando o dono da outra cadeira.
Enquanto ele não chega, fico imaginando como será que ele ou ela é?
Será um “doido ou uma doida”?
Esses que já nasceram “fumados” ou “tontos”.
Daqueles que não precisam de drogas.
Não tem atestado de doido, mas é doido de nascença.
Doidos de natureza e por natureza,
O jeito de sentar, de falar, de rir fica fácil identificar.
Dão todas as soluções para o país, sabem tudo de economia.
Nunca jogou bola, não sabe nada de futebol, não sabe nada do time dele e é fanático. Não come ninguém, conversa fiado demais.
Senta, liga o celular, encosta na janela e acha que ninguém está escutando a conversa, finge de boba.
Chega empurra o joelho da gente pra poder passar, agradece, senta, encosta na janela, não da “papo”, nem precisa pensar em conversar.
Tem um terço, ou uma bíblia na mão, você pode conversar de tudo com ele, mas a todo o momento ele quer te “salvar” de alguma coisa.
Não põe o braço no encosto que divide as poltronas, camisa da Jamaica, põe um fone no ouvido, deita e dorme.
Abre uma bolsa, tira um biscoito oferece pra gente e fica roendo.
Levanta vai ao banheiro, sai e deixa a porta aberta, que maré.
Custa, mas consegue depois de muito tempo agarrar o filhinho, senta aqui porra! Eu não disse que eu ia te pegar.
Vai pro corredor vai?
Vai que eu vou te esfolar!
E o filhinho começa a chorar, chorar e chorar.
Dou o sinal e desço do hospício.
Autor: marco Túlio de Souza
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