Antes, eu estava na asa esquerda de um lindo pombo branco, que gostava de voar, só ou em bando, pelos arredores da cidade grande. Apesar do desenvolvimento urbano, da poluição e do desmatamento, encontrava, nos inúmeros vôos diários, algumas áreas verdes: uma praça, um jardim, uma rua. Nesses paraísos arborizados, era sempre prazeroso o contato com a mãe natureza, o usufruir da liberdade, o conviver com irmãos, o sentir a brisa entre as asas. E era sempre uma aventura!
Naquela manhã, meu destino foi traçado.
Eu-pombo, pousei numa rua sossegada, em cujas margens havia um estacionamento de carros. Parecia tudo tranqüilo e seguro. Até que um gato pulou em cima de mim... A custos, consegui me desvencilhar daquele abraço quase mortal.
Eu-peninha, porém, fiquei... Atordoada... Amassada.... Uma poça d’água logo maculou-me. Mesmo assim, pesada e suja de lama, alcei vôo e sai daquele lugar infernal, completamente ao sabor do vento. Voei... Pousei... Parei. Voei novamente. Até que mãos me pegaram. Deram-me um trato e, finalmente, fui ornar um brinco artesanal de menina.
Eu-brinco estou bonito e feliz, especialmente, quando sopra uma brisa.