“I hear your voice on the line, but it doesn’t stop the pain”.
Acabei de desligar.
Não devia ter ligado.
Mas me senti melhor.
Acho que vou conseguir dormir.
Você (como sempre, você) saiu tão rápido que não viu o último e-mail.
Passei na porta do Mackenzie e resolvi entrar.
Vi a Escola Americana (eu tinha dez anos) e o Ginásio.
Entrei no prédio do Científico e no da Engenharia.
Fiquei quase duas horas por lá.
Revi lugares onde passei parte da infância.
E toda a juventude, esta mesma que ainda estou vivendo agora.
Acho que nunca vou ser adulto, sério e responsável.
Estive nos lugares onde conheci a Susi e a mãe do moleque.
Foi um tempo feliz.
Estudar, começar a trabalhar, comprar meu primeiro carro.
Namorar, namorar.
Muita farra e muita cerveja.
Aproveitei e tomei uma no Mac Fil.
Senti saudades de tudo.
Principalmente de você (como sempre, você)
Como você disse (como sempre, você):
“Saudades do que eu não tive”.
Entrei no prédio da Arquitetura e fiquei imaginando você (como sempre, você).
Uns vinte anos atrás, mais magrela ainda, cabelo preso.
Óculos escuros ?
Queria voltar lá com você.
Como sempre... você !