Carta ao poeta Arthur Accioly Pereira
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Li sua poesia “Dias de Sol. Dias de Chuva”. Para mim, tinha algo envolto na escuridão. Não a escuridão da chuva. Nem a escuridão,que também vi, no brilho do sol tão elogiado por você. Seus dias de sol, têm momentos que parecem ser os preferidos. E seus dias de chuva, parecem não lhe agradar. Mas nada ficou muito claro, como possa parecer à primeira vista. O que você refere como bom, nos dias de sol, são as gargalhadas, a festa, o Carnaval, o mar azul, o calor humano, beijos e abraços. Nos dias de chuvas, a ênfase é para a tristeza e a reflexão. Mas você fala em coisa mais importante. Aqui,os dias de chuvas, não sei se para vocÊ, mas, na sua poesia, e na minha leitura, pareceu-me mais rico. A começar pela própria chuva, “que traz ensinamentos”. Lições, exemplos, confirmações e surpresas. Uma chuva, convenhamos, que agrega valores ao nosso espírito. Em contrapartida ao dia ensolarado, que nos remete ao quase nada, não fossem as gargalhadas.
Mas o que eu queria mesmo registrar, nessa minha, digamos, crítica sem compromissos, é a tarde; ou seja, o período, nas entrelinhas de sua poesia, que fica entre o dia e a noite; entre o sol e a chuva. A palavra chave, que subsiste nas duas situações, são as descobertas. Tanto em dia de sol, como em dia de chuva. Aqui , sim, sua poesia faz sentido. Reflete a própria razão de viver. Entre o espontâneo da gargalhada, e o refletir do silêncio. Abraços. Domingos.