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Cartas-->O Perfume -- 31/01/2003 - 16:25 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O cheiro do seu pai me fez lembrar de outro cheiro, igualmente cheio de lembranças.
Na casa do meu tio Fernando, em Pádua, havia um cheiro inigualável. Nunca consegui explicar o que sentia naquele lugar. Perdia-me sempre pelo corredor e quartos atrás da parte mais forte do cheiro. Queria encontrar sua origem. Quando pequena, abraçava forte tios, tias e primos, todos que moravam lá para ver se eu iria embora com o tal cheiro. Mas não. O aroma fresco que eu sentia ficava restrito apenas para os que moravam lá. Sempre dizia que meu primo Thiago era o rapaz mais cheiroso de Pádua, parecia afrodisíaco.
Os primos vieram morar no Rio, minha tia também, meu tio tomou outro rumo e o cheiro acabou. Nenhum deles têm aquele cheiro. Já testei mil vezes, me afogando em roupas, abraços cheirosos, beijos roubados, mas nada há. Perdi o cheiro.
Estava passeando em Pádua, no mês passado, quando vi a porta aberta da antiga casa cheirosa de meus tios. Não resisti. Entrei um pouco, só até a escada que leva aos cômodos. E lá estava ele, o cheiro. Parecia mais forte do que nunca, melhor do que qualquer ano. Gritei por minha mãe que estava no outro lado da rua e ela veio correndo. Disse que o cheiro ainda estava na casa. Minha mãe comentou nunca ter sentido cheiro algum. Nada diferente, nem algo que tenha lembrança. Ela só lembra de como eu gostava de cheirar a casa. Ao ir embora pensei em ligar para minha tia e pedir para ficar o dia inteiro procurando o aroma que me deixa atordoada até hoje.

“...as pessoas podiam fechar os olhos diante da grandeza, do assustador, da beleza e podiam tapar os ouvidos diante da melodia ou de palavras sedutoras. Mas não podiam escapar ao aroma. Pois o aroma é um irmão da respiração. Com esta, ele penetra nas pessoas, elas não podem escapar-lhe caso queiram viver. E bem para dentro delas é que vai o aroma, diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer, amor e ódio. Quem dominasse os odores dominaria o coração das pessoas”.
Trecho do livro O Perfume, de Patrick Süskind

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