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Cartas-->Carta ao amigo que viu a morte -- 16/01/2003 - 13:09 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Oi querido,

Vamos fazer um filme, em que nada de ruim acontece, em que gozamos a vida até a ultima gota de esperma. Um conto de vida. Alinhamos, como uma bela corda, todos aqueles que amamos. O circulo é fechado, onde nenhum mal pode entrar. Podemos inventar brincadeiras com a mente e realizar o puro contato físico sem mesmo piscarmos os olhos, ficando frente a frente com a alegria e desviando o medo de então.
Vamos fazer uma peça de teatro, onde os sons podem avassalar as cozinhas e veremos aquelas mulheres enormes que cantam ao amor à comida. Colocaremos as cores como forma de cura. Usaremos as facas para cortar o mal que vem de dentro. Deixaremos a inveja do lado de fora, ela ficará olhando-nos como quem prova do próprio veneno.
Vamos fazer uma ciranda perto de sua casa. Pularemos corda e lá no alto do pulo podemos ver o que nos espera. E a espera, a tão sonhada espera, é a concretização de lugares onde guardamos o amor. Jogaremos areia para cima, limparemos os olhos, vamos rir de nós até que o choro venha.
Vamos fazer um ano. Colecionar dias e soltar horas por onde desejarmos. Firmaremos um pacto ao contrário: dezembro viria primeiro, agosto depois. Usaremos nossos segundos para qualquer elemento verdadeiro que desejarmos.
Vamos fazer da morte, a alegria. Traremos um banquete alucinante com musicas e desenhos. Pintaremos um quadro louco, onde poderemos entrar e sair sem pedir licença. A morte pode ser a palavra errada com gosto de certa. O cordão amarrado com nós para serem retirados. Deve ser um filme, uma peça, uma ciranda, um ano... pode ser a liberdade que só poucos consentem

Venho aqui para te beijar. Muitos beijos para todas as horas... e mais....... para as horas em que você precisar.....
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