Um exemplo perfeito da injustiça do mundo capitalista, apesar de alguns só enxergarem suas virtudes, é a nossa querida usina. Nela, um escritor talentoso, porém humilde, pode passar totalmente anônimo durante, digamos, toda a sua vida. Enquanto isso, outro escritor, talvez ótimo, talvez mediano, talvez chinfrim, que disponha de quinze, ou cento e cinquenta, ou sei lá quantos reais seja necessário, obtém DESTAQUE.
É sempre possível obter patrocínio, dirão talvez. Basta ser bom o suficiente. Mas não basta. Deve-se menos ser bom, do que expressar aquilo que o patrocinador entende como bom.
A sociedade democrática tem por princípio a igualdade entre os cidadãos, igualdade esta comprometida já de início pela diferença de nascimento entre os homens. E se alguém tem dúvida sobre isso, que pense na própria usina. Aqui, temos pessoas com centenas de milhares de leituras, e pessoas sem leitura alguma. Aos que tem suas milhares de leituras, por estarem no topo da lista e presumir-se que são talentosos, cada vez mais acorrem pessoas a lê-los. Acontece, que por terem "nascido" para a usina nos primórdios da criação desta, há os que por anos vem acumulando leituras e leitores, - aqui eu gostaria de lembrar que um dos pilares da economia capitalista é a fidelidade do consumidor, principalmente do menos malicioso, facilmente enganado por conversas amenas e frases espirituosas - enquanto que aos que menos as tem, fica reservado o fim da fila, e torna-se cada vez mais difícil alcançar o topo, ficando eles assim, definitivamente condenados ao fim da fila. Tente usar estes meus argumentos para pensar em termos de capital, mercado ou concorrência - entre indivíduos, classes sociais, países, etc... - e provalmente você chegará a algumas conclusões parecidas com estas:
1º) A democracia e o capitalismo são antagônicos.
2º) As 496 leituras do péssimo artigo do Elpídio de Toledo, intitulado "O.K., Lula, usted venció! Und jetzt?" que ele tanto alardeia, não valem tanto assim.
3º) Eu, com minhas 400 leituras em dois meses, sou praticamente um herói, tendo em vista que não procuro agradar patrocinador algum, nem nunca comprei destaque. E tenho certo talento sim, ao contrário do que insinuou a senhorita Milene, aquela que arde. |
