Esta tal carência afetiva que mencionaste é uma "epidemia" de proporções incalculáveis...a quase totalidade dos seres humanos é subnutrida em matéria de afetos. A inversão de valores, tornando o viver simplesmente existir, é fato. Quando nos acontece um olhar mais demorado, uma palavra de carinho ou apenas um aceno, vemos resgatada a nossa estima, aflorando o que temos de melhor dentro de nós.
É natural este envolvimento que o leitor sente pelo poeta...findamos por vê-lo escrever sobre emoções que tão bem conhecemos, porque de fato habitam nosso imaginário.Sentimentos que adormecem em nossos sonhos, desejando que em algum alvorecer possam despertar. Até para quem tem a poesia nas mãos, esta identificação ocorre. Quintana já dizia que um bom poema é aquele que nos lê. Quantas vezes, não nos deparamos com uma sensação de achar que determinado poema foi
escrito para nós? E vem na alma um transbordar de encantamento e cumplicidade por percebemos na afinidade sentida, que por mais distintos que sejamos (caráter, preferências pessoais, valores, cultura, sexo...), assemelhamo-nos em algo:
o desejo de amarmos e sermos amados.É isto que nos faz tão iguais...
