Prezada Patrícia. Tomei ciência dos termos de sua carta em resposta aos meus argumentos a favor de Ciro Gomes. Você está igualzinha ao pessoal que vota no PT. Com argumentações inconsistentes. E vou tentar provar isso. Veja bem.
(01) No início de sua carta você confessa que não concorda com “as comparações de Ciro e Collor”. Mas, ao final, diz exatamente o contrário do que pensa, quando faz referência ao PFL, e ao Roberto Jefferson do PTB, “escudeiro de Collor” E Collor? Enfim..”
(02) Conveniências políticas e mudanças de partido, no conjunto de regras atuais, além de permitido é mais do que natural. Todo o PSDB, por exemplo, saiu do PMDB, por conveniências políticas.
(03) Você comete uma impropriedade quando diz que o Ciro alia-se a adversários políticos. Quem fez isso foi o Lula, ao aliar-se, em coligação nacional, com o PL, seu adversário político e cuja linha programática é totalmente diferente daquela pretendida pelo PT. Não faz muito tempo, o PL acusava Lula de fazer parte com o “demônio”. Ciro não fez alianças com o PFL. O PFL é que resolveu apoiá-lo, pois viu que ele tem grandes chances de ser eleito. O Ciro não pode impedir estas manifestações. Apoio é diferente de aliança.
(04) Convenhamos: quatro meses de ministro da fazenda, em oito anos de mandato, não se configura tempo suficiente para que se possa produzir uma afirmação como a sua, de que o Ciro “ajudou legitimar tudo aquilo que você (no caso eu) condena no período de 8 anos de governo FHC”. Isto chama-se apelação.
(05) Que empresas foram quebradas pelo aumento da alíquota? A Cia. Vale do Rio Doce, a Cia. Siderúrgica Nacional, a Petrobrás, a Embraer, pelos menos, não foi. Algumas delas, sim, foram entregues, de mão beijada, para os estrangeiros, pelo FHC.
(06) Sucesso na presidência e em qualquer outro negócio, para quem não possui experiência administrativa é exceção; não é a regra geral. Além do que, não poderíamos deduzir dessa afirmação que, quem possui experiência administrativa, fará um mau governo. Em princípio, o detentor de experiência fará sempre um governo melhor do que quem não possui a experiência. O restante fica por conta de outras variáveis, como a honestidade, a personalidade e o caráter, entre outros. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à questão da formação profissional . Quem a possuir, em tese, estará melhor preparado.
(07) A experiência de Garotinho no governo do Rio de Janeiro não pode ser considerada significativa, pois ele não terminou seu mandato. Quanto as pesquisas, que teriam aprovado o seu governo, ainda que parcial, são meras probabilidades estatísticas. Depende dos instrumentos utilizados e de quem as realizou. Não merecem credibilidade total. E, finalmente, ao sugerir que o Ciro seria a direita disfarçada, você incorre num pecado capital: esquece que o PDT, e Brizola, o está apoiando. E não venha me dizer que o Brizola, agora, também virou de lado. Passou a ser da direita conservadora.
(08) Finalmente, faltou você dizer as razões de sua escolha que, tudo indica, parece ser o Lula. Simpatia? Ou você, de fato, acredita num candidato que mudou de rosto e de discurso, não se mete com ninguém, não fala sobra as grandes questões nacionais, como a dívida pública, por exemplo, e vive, nos debates, trocando elogios com o José Serra. Abraços. Do