Autor: Marcel Agarie
Data: 12/08/02
Carta: “Durante 4 dias. Somente escreverei...”
Não quero tons de despedidas, com beijos, abraços, vazios, acenos e desejos de boa sorte. Não importa aonde estiver, por onde estiver, com quem estiver, estarei pensando em ti. Estarei sentindo seu perfume, sua pele e o seu calor em meu corpo. Tudo isso está guardado em mim, em minha mente e em meu coração, algo impossível de acabar.
Mas, nos pequenos gestos não te encontrarei. A saudade que nasce em todo final de tarde, não cessará, pelo menos desta vez com um simples telefonema para o seu trabalho. Os toques chamando em seu ramal serão em vão e me farão ter certeza que você realmente não está. Não poderei ouvir a sua voz, nem para me dizer que está ocupada e que mais tarde me liga, e também não haverão respostas para os e-mails que mandarei pela manhã, apenas para lhe desejar bom dia.
A manhã da quarta-feira não haverá sentido. Acordarei cedo, tomarei banho às pressas, mas ao ligar para te acordar e avisar que estou chegando, você não estará lá. Serei forte para apertar o meu peito e tentar superar aquele momento que parecerá sem fim. Durante o café, pedirei o seu croassant, e tomarei o seu chocolate gelado na companhia de um banco vazio, conversando sozinho com o nada.
Não ligarei avisando que estou indo para casa, não ligarei avisando que cheguei em minha casa. Você não falará do seu dia, do seu serviço, do que comeu no almoço e que fugiu um pouco do regime com o chocolate que devorou com as amigas do trabalho. Não poderei consola-la em seus erros ou incentiva-la em seus acertos. Não falaremos da novela, nem das notícias do Jornal Nacional. Não conversarei com seu sobrinho ao telefone e nem poderei falar se meu dia foi bom ou ruim.
Durante esses 4 dias, somente escreverei...
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