Venho aqui em pé de guerra. Estou cansada de mandar nossas fotos, bilhetes e
nostalgias. Não te vejo mais. Onde você foi parar? Aliás, ultimamente não percebo mais nem seus mails, nem idas e vindas para ver Pádua parada, a confissão de morrer de ciúme de sua namorada, dos estudos que não acabam (ainda bem) e da saudade de sua mãe. Nem assim! Onde foi parar sua boca carnuda, cheia de vida? As palavras engraçadas ou o seu jeito de me chamar: _ Hei, negona! Onde estão todos os dias de colégio, as saídas no bar do Centro?
Ah, meu moreno, que saudades sinto! Que angustia vivo, sem saber ao certo o que passa em seu redor.
Hoje lembrei de você mais do que nunca! Dei de cara, logo de manhã, com um texto de Soares Feitosa. Queria plagia-lo aqui mesmo, sem remorso algum. Fiquei imaginando uma coisa louca, um modo de bloquear os sites do autor e fazer de sua obra a minha, somente para te contar da falta que me faz. Sou muito louca, como você bem sabe, mas ainda não cheguei a esse ponto. Não consigo fingir tanto, pensando em falsificar um texto só para chamar atenção.
Se bem que minha loucura tem outra direção, não é? Mandar uma carta aberta para alguém tão tímido como você é prova disso.
Me liga, apareça. Do contrário, escreverei todos os dias, até que eu possa receber um puxão de orelha.
Espero sempre sua carinha feliz em minha casa. Aquele telefonema em que só escutam minhas gargalhadas. Ou até aquele beijo gostoso na face.
É para isso que vivo, “meu nego lindo”!
“Comuns de nós
a ancestralidade das águas desejadas,
minhas,
escassas, sofridas, minhas águas;
enquanto as tuas, Thiago,
são as águas dos silêncios,
talvez reparações de alguma
reforma inconclusa
do dilúvio primeyo”
Soares Feitosa
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