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Cartas-->O Furúnculo -- 22/04/2002 - 09:42 (Humberto Riachuelo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bel,

pensando bem, nem tudo é tão cheiroso assim. Você, além de confundir a minha cabeça, me faz ficar mais sensível ao imenso furúnculo invisível que toma conta do meu peito e da minha barriga. Eu já o tenho a anos, e como ele parece não aflorar nunca, eu o respeito muito, mantendo ele escondido, em segredo, longe dos antipáticos que se ofereceriam para espremê-lo. Apesar de o maldito tomar conta da minha existência, me fazendo só dores, eu acabei até criando gosto em tê-lo aqui, do jeito que está. O medo da dor de espremer o nojento...

Eu já tentei algumas vezes, mas o carnegão fica e ele volta mais forte do que nunca. Meu Deus, e a dor... é imensa! Ninguém toca nele! Ele é meu. E de mais a mais, ninguém agüentaria, os poucos que já o viram fizeram ânsia de vômito e me evitam até hoje.

Você faz arder fundo o meu ferimento, enquanto q eu, desajeitado, faço cócegas e você não ri. Tem graça... Um a zero!
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