Caro Lúcio Jr. Eu entendo a questão do patrocínio sob diversos ângulos. Primeiro, não podemos nos enganar. Vivemos o regime capitalista, e, é claro, há interesses mais econômicos do que literários em qualquer iniciativa. Mas vejo isso com naturalidade. Subsiste, no caso, a questão dos custos e dos lucros. Nada a ver com a qualidade dos textos. Segundo, a questão de quem decide, por razões diversas, ampliar a divulgação de suas obras. Estes podem até custear o próprio patrocínio. Também acho natural. Aliás, muitas bandas de rock começaram dessa maneira, pagando seu primeiro CD. Depois, vem o patrocínio espontâneo, que pode envolver critérios de ordem literária ou econômica, ou de ambos. Não significa dizer, no entanto, que em qualquer dos casos, o patrocínio seja sinônimo de qualidade reconhecida. Haja vista os grupos de pagode que fazem "sucesso”, sem saber cantar ou tocar. Mas, evidentemente, não se pode generalizar. Ter apatia pelo processo, simplesmente. Às vezes, o patrocínio coincide com a qualidade das obras do patrocinado. É o caso, na minha modesta opinião, do companheiro DANIEL FIUUZA. Finalmente, é preciso lembrar que até no meio dos escritores tarimbados existem altos e baixos. Umberto Eco, por exemplo, não foi feliz no seu último livro, conforme relata a própria crítica especializada. E o falecido Luis Camillo de Oliveira Netto, contemporâneo., conterrâneo e amigo de Carlos Drummond de Andrade, que teve intensa luta política contra a supressão dos direitos humanos, na época de Vargas, e que fora um especialista em pesquisar as Cartas Chilenas e tantas outras documentações de cunho histórico e político, morreu sem publicar um único livro. Portanto, as verdades são como ditas na canção do Ari Barroso: “Este coqueiro que dá Coco”, isto é, nem todo coqueiro dá coco, se considerarmos que apenas os cocos bons podem assim ser chamados. Grande abraço. Domingos.