A França está em festa Comemora-se os duzentos anos de nascimento do gigante Victor Hugo. E o mundo, de certa forma, também. O bicentenário do autor de O Corcunda de Notre Dame e Os Miseráveis. Quando morreu, em 1885, cerca de dois milhões de pessoas acompanharam o corpo até o Panthéon, cortejo maior do que a população habitual de Paris.
Dezessete anos depois, descobriu-se o tamanho de sua obra: 17 romances, 18 volumes de poesia, 21 peças teatrais, razoável quantidade quadros e desenhos, além de mais de três milhões de palavras sobre história, crítica, relatos de viagem e filosofia. Segundo o biógrafo Graham Robb, Victor Hugo foi modesto ao desejar que suas obras completas formassem um livro que resumiria o século.
O pai de Victor Hugo foi um militar napoleônico – o que para sempre marcou a trajetória do escritor. De início, admirou Napoleão, depois, foi seu crítico ferrenho. No fim da vida, virou republicano. Viveu quase vinte anos no exílio e sua estátua em Paris foi destruída em 1941 pelo exército alemão.
Seria mais um colega usineiro se tivesse, claro, vivido em nossos tempos. Imaginem produzir uma obra literária no tempo em que não havia máquina de escrever, pelo menos elétrica, caneta esferográfica e, quando muito, uma pena ou um lápis, sem o apontador, tendo que, a todo momento, refazer sua ponta à base de uma lâmina, se é que já naquela época já existia. Ou então tendo que usar o canivete. Mas talento é talento. Não precisa de microcomputador, de Word, de Internet. Que sirva de lição para todos nós. Lição de humildade e de persistência. Fartura de talento.
Para quem gosta de ler, algumas obras no mercado:
Do Grotesco e do sublime, Editora Perspectiva – R$12 // Os Miseráveis e O Último Dia de um Condenado– Editora Europa-América // Corcunda de Notre Dame – Companhia das Letras.