Eu quis te mandar uma carta, não só cheia de letras
Como tantas que já recebeste. De mim mesmo até. Em outras
Não falei do meu verdadeiro amor; do vazio das horas, que um dia
Me deixaria sem a tua presença; quando o calor do teu corpo deixasse de aquecer
O meu corpo na cama, agora tão gelada, petrificando-me a alma
E os meus dedos, insensíveis, a te procurarem em vão.
Nunca te disse, ou melhor, nunca me declarei teu fã. Sabia de outros
Teus fanáticos admiradores. Mas eles se foram, perderam-se no tempo.
Talvez ainda te tenham na lembrança. Quem sabe? Mas eu fiquei.
Fui persistente, embora sem te revelar, em palavras, o que sempre
Senti por ti. Talvez meus gestos, em muitas atitudes, tenham te
Levado a crer nos meus sentimentos. Sempre me imaginei um Romeu
Louco de amor pela sua Julieta.Te via, nos meus devaneios, numa
Janela bem alta, florida, sem poder te alcançar. A noite era só nossa
E de uma lua cheia prateando o teu rosto. E lá embaixo eu – Romeu -
Te cantando versos do mais puro amor, que diziam assim:
“Tu és divina e graciosa,
estátua majestosa
do amor por Deus
esculturada. E formada
com ardor do mais ativo olor,
que na vida é preferido pelo
beija-flor...”
Tu apenas sorrias e o teu sorriso bastava para me transportar às nuvens
Tornando-me a mais feliz das criaturas. Não ousavas, contudo,
Descer do teu pedestal. Eras a princesa e eu o plebeu mendigando
As migalhas do teu sorriso. Faltou-me coragem para te dizer tudo isso noutras cartas.
Talvez não acredites, mas a tua ausência me deprime, me definha a alma e o corpo,
Que está morrendo aos poucos. E, se não desceres da tua indiferença, te peço
Apenas que beijes uma flor, cujas pétalas sirvam de enfeite à lápide
Que cobrirá o meu corpo, que logo morrerá de amor por ti. Creia-me!
Eu te amo!
Dedico a alguém e a todos os casais verdadeiramente
amantes. (pgoes@terra.com.br)