Passo por e-mail porque no celular não ficaria bom.
Parabéns pela educação privilegiada que tem aplicado nos meninos! São muitos itens. Cito apenas os mais recentes.
1. Bianca
É provável que você lhe tenha recomendo terminar dever com o Mateus. Chegando aqui, nem ligou a TV. Sentou-se à mesa com ele e disse:
- Vamos fazer o trabalho.
Pediu-me: revistas, cola em bastão e tesoura. Providencio tudo de imediato e continuo lendo o jornal. Num determinado instante, ela vem ao escritório e pergunta:
- Aquelas revistas que você me deu podem ser recortadas?
Sim, querida. Fico impressionado com o senso de responsabilidade da Bianca. Outra criança pensaria: posso recortar, e o vovô que se vire. Ela preferiu confirmar primeiro.
Outro dia, estávamos concluindo trabalho sobre "negro". Lembrei-me de que eu tinha conto publicado em livro (Saudade, Campinas (SP): Editora Komedi, 2007, p. 45), título Cor. Baseei-me em fato real entre mim e você, em Guarapari (ES) quando tinha 6 anos de idade e passeávamos pelo centro.
Entrego-lhe o livro e digo: leia e sublinhe o que julgar interessante para o trabalho. Aí, Chris, veio novamente o senso de responsabilidade:
- Posso copiar as linhas que sublinhei?
Sim, netinha querida. Ponha-as entre aspas.
2. Rafael
Pediu-me para ir com ele à papelaria comprar algo. Já ao sair aviso à mamãe o que iríamos fazer. Ela recomendou ao Rafa:
- Isso há de vários preços. Não adquira o mais caro.
Nem levo muito a sério, porque é difícil não satisfazer o desejo dos netos. No balcão da loja, diz à vendedora o que pretendia. Ela, mais do que depressa, mostrou os que tinha. Havia 3 tipos. Ele perguntou:
- Qual é o mais barato?
Ela respondeu:
- Este.
E ele cumpriu rigorosamente o que a vovó recomendara. Noto isso em tudo o que falo com ele. No futebol, às vezes, até quer ficar mais um pouco; entretanto, quando o chamo, atende sem reclamar. Agora, filha, o senso de economia prevalece: as figurinhas. Sempre comprava para ele. Notei que estavam vindo muito repetidas, embora eu comprasse em locais distintos. Comentei com ele, que me falou:
- Vovô, não precisa comprar mais; tendem a vir repetidas porque já estão quase no fim. Eu troco.
3. Mateus
Era comum: o Mateus ia entrando e perguntava logo:
- E as figurinhas?
Houve semana em que eu não as tinha; porém, converso com ele, uso sinceridade e palavras que inspiram amor. Disse-lhe: amanhã, vou à Rodoviária e compro (por que Rodoviária? porque, quando adquiro lá, tenho tido mais sorte); vem apenas uma repetida. Parece que me entendeu. Entretanto, sua inteligência infantil o fez perguntar:
- Pode ser dois pacotinhos?
São muitas as coisas, filha. Tentei mostrar alguns momentos que revelam quanto têm sido bem educados. Parabéns! Essa é a maior riqueza que lhes pode transferir.
Se tiver tempo (creio que falar nisso é otimismo esplêndido), use dez minutos (no máximo) e leia no livro "Saudade": "Cor", p. 45, e "Chrisinha querida", pp. 35 e 36.