Obrigado, Pedro. Respeitável seu ponto de vista. Esta, que lhe envio, é uma das histórias de “Para inglês ver”. Assim, a propaganda mentirosa e outros mecanismos de ilusão de ótica se aplicam ao caso.
Com a estima e o abraço do
Benedito
Para inglês ver (*)
Não uma verdadeira indicação mas uma hipótese, que não parece destituída de fundamento, é a que segue:
Quando, vigente ainda a escravidão no Brasil, conseguiu-nos impor a Inglaterra a proibição do tráfego negro, exerciam os ingleses, para fiel cumprimento dos seus dispositivos, rigorosa vigilância nos mares e embarcações nossas, mas, como sói acontecer em tais circunstâncias, muitos elementos encontravam no contrabando a melhor fonte de renda e, para completo êxito da empresa, usavam do seguinte artifício:
De regresso ao Brasil, traziam, juntamente com os escravos, um carregamento de produtos africanos. Quando, em alto-mar, surgia qualquer navio inglês, o contrabandista desfazia dos escravos. Uma vez dentro do navio brasileiro, verificavam os ingleses a normal finalidade da viagem, ou seja, o transporte de carga. Esta carga era "para inglês ver".
Se, o que muito acontecia, não fosse vista a embarcação durante a viagem, teria o contrabandista atingido o fim almejado, sem que se visse obrigado a desfazer-se da verdadeira e preciosa carga.
(*) ALMEIDA, Napoleão Mendes de. "Dicionário de Questões Vernáculas", São Paulo, Editora Caminho Suave, 1980, p. 224.