Em noite de feroz inspiração, Rui Barbosa saiu a passeio pelo campo, e, topando com um roceiro que contemplava o luar, disse-lhe:
- És um amante do belo! Acaso, já viste também os róseos-dourados dedos da aurora tecendo uma fímbria de luz pelo nascente ou as sulfurosas ilhotas de sanguíneo vermelho pairando sobre um lago de fogo a esbrasear-se no poente ou as nuvens como farrapos de brancura obumbrando a lua, que flutua esquiva, sobre um céu soturno?
- Ultimamente, não - respondeu o caipira pasmado. Faz um ano que num boto pinga na boca.
* Recebi, nesta data, de amigo respeitável que não me confirmou a procedência.