Cadê o pássaro?
(aos tripulantes das aeronaves(acidente TAM vôo 3054)(17.07.2007)).
Um pássaro que voa... Uma máquina que deveria levar só alegria, alegria...
A bordo os “olhos da águia”, vê de longe o perigo, nuvens escuras, céu nublado.
“Apertem os cintos, passaremos por áreas de turbulências”, anunciam pelo rádio.
Os painéis de comando são como o firmamento, repleto de pontos que nos lembram
estrelas cintilantes.
Olhos que antes de todos enxergam a MORTE.
A “Moça Loira”, em sua triste missão de ceifar vidas, vira sentinela no céu, no mar e na terra.
Deve ser mulher sem coração, amor, nunca colocou um filho no mundo, dividiu seu ser,
foi amada por alguém.
É fria como os espinhos gelados de corações não amados.
É a Morte que lhe sorrir primeiro.
Guerreiros, eles prosseguem pensando sempre no cumprimento do dever.
O dolorido é quando ela vence e emite o sorriso de vitória, abrindo valas no céu,
sepulturas nas copas das árvores, e túmulos no fundo do mar.
São almas sem corpos, cremados, tostados, vivos. Sem chances de identidade conhecida.
Passam de vítimas a serem numerados como “sacos pretos”. Pobre ser humano!...
São filhos de Deus em mãos da incompetência de tantos.
Os “olhos da águia” se fecham, não podem se defender e a luta e lida continua, outros surgem, novas escalas, saídas, chegadas, longe de casa, familiares, transportam o “Pássaro Dourado”, criação máxima do homem, repleto de esperanças de tantas vidas, países. FELIZES VOLTAM PRA CASA. MISSÃO CUMPRIDA.
Querida tripulação: Do comandante, “Olhos de Águia”, aos comissários de bordo, tão gentis, uma prece:
Que Nosso Senhor Jesus Cristo Estela diante de vós, afastando as tempestades, turbulências, pistas escorregadias, a Morte. Ao vosso lado para defende-los de aves e aeronaves perdidas. Atrás de vós para segurar os freios dos trens de pouso, quando desgovernados. Amém.
Belém.PA, 21/07/2007. Poetisa Ana Zélia (Manaus/Amazonas)