Carta ao Anticristo
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
O colega, que de anticristo não tem nada, não deixa de ter lá suas razões. Pondero, apenas, que o gosto pela corrupção poderia, quiçá, ser fruto da miséria e da ignorância a que se acostumaram numeroso contingente de irmãos brasileiros que, infelizmente, por culpa de vários governos, e em nome de uma pretensa liberdade de expressão, decidem os rumos do nosso país. Muitos dos quais, diga-se de passagem, premidos pelo ronco da barriga, e ao custo atual de R$80/mês. Expressiva população que se sente protegida pelos papais presidente, governadores e prefeitos,. Que deles se valem, em épocas de eleições apenas, para que as eleições, pela via do voto livre e universal, mas obrigatório, tenham a necessária legitimidade. Gente que melhora de vida com a política. Gente que presta continência com o chapéu alheio. Às custas de nosso rico dinheirinho. Das contribuições e dos impostos. Cada vez mais altos. E, não é por acaso que eles permanecem anestesiados politicamente e socialmente. E justamente por isso, são eles que decidem as eleições. Enquanto os nossos professores, profissionais liberais, empresários sérios, cientistas e gente que sofreu muito para galgar conhecimento, emprego e renda digna, que produzem bens e serviços, pagam o preço da ineficácia e incompetência gerencial de muitos de nossos governantes. Sem falar de nossos representantes (?), os parlamentares do partido do joio. O PJ. Em contraponto ao partido do Trigo. Cujos frutos, provavelmente e face das mudanças climáticas, não se dão na qualidade de antigamente. Parlamentares ou não, que denigrem a imagem de nosso país, acobertados por determinadas leis, que eles mesmos produzem; que lhes garantem a permanência no poder, ad eternum. Condição agravada pelas regras antidemocráticas do instituto da reeleição, lixo jurídico criado no governo anterior e que está sendo seguido à risca por quem, não faz muito tempo, dele tanto falava mal. Quem te viu e quem te vê. Instituto que deveria acabar para todos. E não apenas para o presidente. A rotatividade do poder deveria ser regra básica do regime democrático. Para oxigená-lo. A eternização do poder, ou o aumento de prazo de mandato, está mais para o regime de força. Ditaduras e similares. Enfim, vamos tentar reformar este estado de coisas. Ainda dá tempo. Pelo menos para banir da vida pública, mandando para casa, já que é mais difícil l mandá-los para a cadeia, os mensaleiros, sanguessugas e inimigos da pátria, travestidos de parlamentares e representantes do povo. A reeleição pode começar já. Não é preciso esperar pela aprovação da lei. Basta usar o voto. E se a imprensa puder ajudar, informando em cada unidade da federação a relação dos nomes constantes das representações, investigações e recomendações de cassações e prisões realizadas pelo Ministério Público, CPIs, Conselhos de Ética, Corregedoria, Polícia Federal e Judiciário, já seria um bom começo.