Minha sábia e encantadora bisavó IDOWA amava contar "historinhas para encantar" e realmente encantava, animava e acalmava a gente.Qual a criança e qual o idoso, que não se encanta e não gosta de uma boa historinha? Um dia eu lhe disse, que ela era a minha princesa encantada eslava (lembrando aquela lá das "Mil e Uma Noites").Ela retrucou, rapidamente: -Princesa, não :Rainha! E deu boas risadas.Assim, ela vencera o tédio e a desgraça das doenças, nos terríveis meses da travessia do imenso oceano, que a trouxe para a terra, onde lhe diziam, só havia selvagens e ladrões.Distraiu os filhos, venceu a dor da perda do marido, que preferiu o suicídio a enfrentar os gentios, o pequenino filho que morrerra.Contava histórias de sua pátria, ao trabalhar nas minas de São Jerônimo e não ser violentada pelos colegas homens.(Eles a achavam maluca e pegaram medo dela).Que esperteza, é técnica de sobrevivência.Contou mais histórias ao seu vizinho, um imigrante alemão e empedernido solteirão, que acabou se casando com ela.Ela contava histórias por capítulos a ele e se quisesse saber o final, precisava visitá-la ou ela ir a sua casa.Entre uma
palavra e outra comiam bolo com leite de cabra(altamente afrodisíaco), canjica com vinho(que ele fazia).Ela também era uma excelente cozinheira e ele sempre ficava para jantar.Entre batatas assadas e carne de ovelha, chazinhos, etc. Ele sucumbiu e, em menos de um mês, pediu sua mão em casamento.Morreu velhinho e ditoso, sempre apreciando as suas historinhas. Até hoje, estas doces lembranças são marcas de alegria em minha vida e já me incentivaram muito
a ser uma “Contadora de Histórias”, mais uma Sharazade Eslava.
