No ano que se vai, repleto de escândalos que a sub-classe política proporcionou impregnadas pela corrupção, pela roubalheira e falta de vergonha na cara, onde cínicos de todos os calibres se esbaldaram em fundir a nossa curta paciência com propagandas vomitadas nas rádios e televisões, onde a violência, a impunidade e o descaso do poder nos tornou reféns das nossas casas, onde a natureza foi massacrada com o desmatamento apoiado por certificados do IBAMA, volto ao ano de 1928 onde encontro uma crônica de Mendes Fradique a respeito da derrubada de 21 casuarinas na Praça 11 de Junho no Rio de Janeiro.
O que mais me impressionou foi que já aquela época o poder público era tão incompetente e desonesto, e a maneira voraz e inteligente que o sábio escritor se pronunciou:
“Mais um pouco, e, de todo aquele parque aprazibilíssimo não restava mais do que um montão de lenha, alguns gravetos viventes ainda e a folhagem dispersa pelo chão da praça...”.
“E isso feito, lá se foram no carroção fatal aqueles homens iracundos que devastaram em um segundo de estupidez a obra de um século de maravilhas da vida vegetal...
“Consolai-vos, ó casuarinas, que antes de vós outras arvores tombaram à brutalidade desta gente que vos derrubou. Três gigantes se abateram aos golpes dos iconoclastas vossos algozes:
“A ilusão da independência, a boa fama do imperador e a Constituição da Republica...
“Consolai-vos ò casuarinas...
Mesmo assim, desejo a você e toda sua família um Natal repleto de harmonia e felicidade e que aquele a quem nós comemoramos nos dê um ano novo, realmente novo, totalmente novo.
