Quando de nossos pensamentos cansados
tentamos pinçar fragmentos do passado,
gostaríamos de recolhê-los com as mãos,
como se colhêssemos frutas da estação.
Porém, o passado é feito sombra
que não se apanha, não se resgata,
nem com braços firmes,
nem com pulsos fortes.
Os "flashs" da lembrança, tão-só retratam
flores murchas, faces descoradas,
pegadas que se apagam,
hinos emudecidos. E amores findos.
Revivê-los...jamais!
O arrependimento -sentimento pós fato consumado-
nem sempre permite reparação,
não propicia a perpetuação do ontem,
nem concede a bênção do esquecimento.
O passado passa. Afasta-se do presente
e alia-se aos faróis da eternidade.
Eternidade... trem cujos trilhos e destino
tão desconhecidos são,
quantos desconhecidos somos nós
de nós mesmos.
Da eternidade, ninguém sabe.
Do passado... já passou.
E fazer o quê?
Não detemos o tempo.
Somos apenas leves penas
sem vontade própria.
A qualquer hora homens, ventos,
mares, ares, força e intenção
nem sei pra onde nos levarão ...
