Enquanto na Usina as coisas continuam mornas,
no Afeganistão o pau come desembolado.
Eu vi na Folha de ontem a mesma seqüência que no NYT, e registro (isso é importante para a teoria da recepção nossa de cada dia) que aquelas imagens vão ficar como aquela da menina correndo queimada por Napalm.
Primeiro, um soldado do Taleban é pego pelos soldados da Aliança do Norte e achacado, revirado.
Mesmo suas roupas de baixo são arrancadas. Ele está ferido. Não pode se defender. Sua boca se move; ele é barbudo, como sóem ser os talibãs.
Na foto dois, ele é erguido e suponho até que a seqüência esteja errada; precisávamos de Roland Barthes aqui.
A terceira cena é a que comove, pois é Pasoliniana, no sentido em que a montagem é uma forma de morte. Na montagem, o cineasta escolhe o que é mais importante, na morte, as pessoas tb escolhem as frases da pessoa que morreu.
O soldado tem as roupas de baixo retiradas, sujas de sangue, sempre, e coisa toda tem algo de infantil, pois se trata de alguém indefeso; e esse alguém representa um inimigo dos EUA e Inglaterra num país longínquo: um homem tem a mão espalmada, pedindo os soldados que não matem o soldado indefeso do Taleban diante da câmera do repórter ocidental, que quer isso, sensação, e isso os soldados estão dispostos a fornecer.
Mas a execução é realizada e o olhar do repórter capta um Cristo morrendo de braços abertos...