Encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim: "Pior do que
uma voz que cala/É um silêncio que fala".
Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente me veio a cabeça
situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você
sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum
dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O
perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o
clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio a ante-sala do
fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer
ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa
de entendimento. Cordas vocais em funcionamentos articulam argumentos
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando
nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois
gritar: "diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí
parado me olhando".
É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem- vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um
bálsamo.
Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma megasena.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura o silêncio a dois
não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É
quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária
eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem." (A. Desconhecido)
Bela reflexão! Maugusto