Pele curtida pelo sol,
A vista apura a distância.
Montado num cavalo, lança
A voz com toda esperança
De alcançar o infinito:
- Êêê boi!
Vestindo o gado morto,
Chapéu de couro e bota,
Protege o peito co’a morte.
Cruza a caatinga ardida
Sob tal sol inclemente
Sem árvore que lhe dê guarida,
Só espinheiros à frente.
Leva o gado bem ligeiro
A beber d’uma cacimba
Enquanto por lá houver água.
À noite, ante a fogueira
Que imita do céu as estrelas,
Ele cisma e sonha co’a moça,
Enquanto afaga a terra
Já morna como pele de virgem.
O café requentado espera
A luz da hora de recomeçar.
Porque a lida de vaqueiro encerra
Uma vida de eterno sertanear.