A Semana da Pátria e Suas Cores
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Agosto não tem boa fama. Desde o suicídio de Vargas Ainda bem que ele está indo embora. Deixando más recordações. Perdemos Vieira de Mello, nosso campeão da paz. Na literatura, Haroldo de Campos passou para o andar de cima. Em Alcântara (MA), perdemos vinte e um técnicos altamente especializados no desenvolvimento de tecnologia para lançamento de foguetes.
Em Brasília, o espetáculo, deprimente, do jogo de cartas marcadas, continua. Jogatina que tem como pano de fundo dois arremedos de reformas. Reformas que, a rigor, nada reformam. Propostas que desagradam gregos e troianos.
No Rio, o vergonhoso loteamento de cargos comissionados no Instituto Nacional do Câncer, centro de referência nacional no tratamento da doença, está denegrindo a imagem daquele Órgão e paralisando suas atividades.
Mas, nem tudo está tão cinzento. Felizmente, há boas notícias. Até porque Deus é brasileiro. E teremos, na Semana da Pátria, com essa assessoria de peso, o que comemorar.
A começar pelo Pan-Americano de Santo Domingo, onde nossa juventude fez tremular a nossa bandeira. Banhada em ouro, prata e bronze, ela subiu em todos os andares dos pódios. E mostrou a força do brasileiro, com todas as suas cores raças.
Mais recentemente, a grande surpresa: a gauchinha Daiane. Medalha de ouro na prova de solo no Mundial de ginástica, na Califórnia, EUA. Detalhe: primeiro título do Brasil, neste campeonato.
Em Brasília, no meio da paisagem castigada pelas más notícias, e pela seca, que nesta época do ano toma conta da cidade, a natureza dá o seu recado. A trilogia de cores, que sobressai das flores amarelas, roxas e brancas, desabrocham nos galhos dos ipês, exuberantes, como que anunciando a Semana da Pátria. Transformando a paisagem poeirenta e cinzenta desta época do ano.
Finalmente, o mais importante de tudo: apesar de agosto, temos setembro, mês em que comemoramos o Dia da Pátria, com todas as suas cores: de nossa bandeira e de nossos ipês; de nossos sonhos e de nossas esperanças; todas elas anunciam a beleza da vida e apontam para dias melhores.
Dias mais coloridos. Dias de muitas medalhas. Dias em que todos os brasileiros terão a oportunidade de subir ao pódio do progresso, fruto do crescimento econômico, da distribuição de renda e da justiça social. E ganhar muitas medalhas. Medalhas para todos as modalidades de sonhos e utopias realizáveis. Traduzidos pelas cores que brotam de todas as árvores. Em especial, dos ipês. Na trilogia de suas cores.
Que venham nossos bravos soldados. Nossos heróis. Que se apresente a primavera. Que venham os batalhões de flores. Junto com a esquadrilha da fumaça. Que se façam mil piruetas nos céus. Que as flores brancas da paz, finalmente, desabrochem nos campos verdes da esperança. Viva o Brasil!