Não sei se ainda te lembras do que é estares sozinha num mar escuro de solidão e vagas incomensuráveis virem rebentar precisamente onde estavas e resistias
... estavas! Porque desandas, desandas...
Agora sou eu que lá estou, por motivos bem menos graves, bem sei.
Confio, eu também, na íntegra sanidade e coragem de que por dentro sou feita, mas os pormenores passam-me ao lado, dado que a medicação me causa amnésia, infelizmente só de assuntos recentes.
Faz-me explodir a cabeça.
Ou o fim disto ou a morte.
A vida que ora vivo, à espera, rejeito-a, se se instalar.
Por dignidade.
Por respeito a mim mesma.
Porque quero viver lúcida e agir de acordo com esse estado, que não ao dos olhares dos outros, que me olham de viés.
Encolhem os ombros.
Não, não viverei por conveniência!
Antes o ostracismo.
Viverei, bem ou mal, igual a mim mesma.
Esta carta foi escrita após chegar do hospital, onde fora salva de uma parada cardio-respiratória.