Carta Sobre Carta
(por Domingos Oliveira Medeiros)
A bem da verdade, um grito de dor.
Por algo rompido; que já era esperado.
Que já era presente.
Coisas do amor envolvente.
Ridículo, sem sentido.
Principalmente.
Quando perde o vigor.
Algo que já se tinha ido.
E nem sequer percebido.
Escondido na primeira reação de defesa.
Do inconsciente enganado, traído.
Surrupiado, esquecido.
Que se recusava, intransigentemente, a aceitar.
Acreditar no que o consciente indicava como fato.
Difícil de contornar.
Até que é chegada a hora.
A hora da verdade verdadeira.
Ou da suposta verdade, traiçoeira.
Acerca de tamanha gravidade.
Não haviam provas.
Pelo menos, imateriais.
Cartas na mesa.
Embaralham-se as cartas. E logo surge o perdão.
Mas o perdão, agora, não é o mesmo.
Já não soma pontos para a vitória ansiada.
O acontecido mudou o presente.
Na hora errada.
Tudo aconteceu.
E ficamos, tu e eu, diferentes.
Distantes. Ausentes.
Ausentes, mas fixos num ponto.
Quem sabe em outro momento?
Uma nova história, um novo conto?
E tudo será diferente, como antes?