É difícil olhar para as manchetes da cidade do Rio de Janeiro assim como deve ser andar por alguns de seus bairros.
Não poucas vezes, a incerteza sobre o destino de cada um alimenta o medo em vários segmentos da sociedade. Mas, infelizmente, como você coloca em sua crônica –
Reféns do crime - é parte da colheita que se plantou e cuidou para que produzisse os frutos que produz hoje.
Alguns até parecem bem dispostos a continuar estas culturas. Alimentam privilégios, defendem exclusões sociais a título de ‘mais valia’. E, a indignação que a mídia reproduz hoje não passam de ‘maquiagem’, a exemplo de ‘Fernandinho Beiramar’ que é estilizado e mitificado. Ele é apenas um entre centenas de prisioneiros de igual porte...
Na TV, ora é a hora do ‘Padre Marcelo’ aparecer, ora do lançamento, da novela ‘KUBANACAM’ na cidade maravilhosa... Ora é hora de mostrar o Sr. Hamilton (parando o trator e não derrubando um ‘lar’ em Salvador), ora é hora de mostrar o desespero e medo dos alunos Universidade Estácio de Sá, a escola invadida no Rio de Janeiro.
Não podemos é pactuar ou compactuar com este comportamento social senão ficaremos reféns sim, mas reféns da mídia e não reféns do crime.
Infelizmente a sociedade está desorganizada... assim como, felizmente, o crime também está desorganizado.
Isto não impede que um e outro busquem espaços na mídia para promoção e/ou intimidação.
Neste mal-estar em que nos deixamos envolver cultivando valores fúteis e promovendo a falta de solidariedade e de educação estamos sendo, ora vítimas, ora os promotores de todos estes atropelos.
Quiçá possamos olhar amanhã para aquele que estará ao nosso lado e dizermos para ele e para nós mesmos que acreditamos nos valores sociais pelos quais lutamos.
Um solidário abraço a você e que as incertezas cariocas, não menores que as paulistas, possam ser corrigidas por uma sociedade que valorize mais o trabalho do que o culto aos privilégios adquiridos.