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Artigos-->Um partido pior do que os outros -- 13/07/2002 - 15:10 (BELADONAIDIOTA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um partido pior do que os outros



Maria Lucia Victor Barbosa*





Várias vezes escrevi que o PT é um partido igual aos outros. Isto porque, há muito venho observando e analisando o processo de transformação e crescimento dessa agremiação política. Num dos meus artigos datado de 21 de novembro de 1992, escrevi: O PT vai se transformando aos poucos de oposição em situação, abandonando o purismo inicial que o fazia fechar-se sobre si mesmo; mudando seu perfil de classe trabalhadora, no sentido de trabalhadores manuais; deixando de lado a linguagem revolucionária para se engajar num discurso menos assustador para as elites, mais moralista para a classe média e mais adequado aos tempos que correm, quando se torna difícil assumir uma postura socialista diante da atual capacidade de afirmação do capitalismo liberal.



O PT, como os demais partidos brasileiros, tornou-se um catch-all-parties, quer dizer, um partido agarra-tudo. Em artigo de 18 de abril de 1993 voltei ao tema: A aparição de Lula num dos programas gratuitos da frente presidencialista, chamou-me a atenção. O candidato estava de fachada nova: terno, gravata, colarinho branco, cabelo e barba aparados, falando contido. Mostrava uma face esculpida pelo marketing, bem diferente da postura do líder metalúrgico que no passado agitou a classe operária e clamou contra os capitalistas. Como um partido igual aos outros, o PT busca agora o empresariado, antes considerado responsável por toda a desgraça do Brasil, especialmente da classe oprimida e maldito pelo poder econômico que faz ganhar eleições.



Em 28 de setembro de 1994, escrevi motivada por um artigo assinado por Lula e publicado na revista espanhola, Cambio 16. Ali a estrela petista afirmou de forma no mínimo leviana, que "a instrumentalização da máquina do Estado e a manipulação articulada da informação pela grande imprensa converteram em ilegítimo o processo eleitoral". O Brasil foi também pintado como uma republiqueta da bananas e os autores do texto que Lula assinou, tiveram o mau gosto de denegrir o Brasil diante da imprensa européia. Era como se aqui só existisse miséria, atraso, cobras, samba e futebol.



Na sua retórica populista, semelhante a de outros partidos, o PT, como arauto da desgraça, nunca reconheceu o lado bom de nossa Pátria, nossa capacidade de produzir, nossas elites modernizadas, o esforço de progredir na vida representado pelas classes médias, a grandeza daqueles que mesmo sendo pobres são capazes de gestos de solidariedade humana e não bandidos natos, como quer a chamada esquerda. Mas o PT é o partido do contra e, como já disse alguém, "vaia até toque de silêncio". No decorrer dos fatos que se avolumam na esteira da eleição de outubro desse ano, atualizo minhas análises e reformulo minha afirmação de que o PT é um partido igual aos outros. Agora, o PT é um partido pior do que os outros. Não que exiba comportamentos diversos desse clubes de interesses aos quais chamamos partidos, mas essencialmente porque o PT perdeu não só a virgindade se entregando a qualquer um, como a propalada transparência.



Diante das denúncias gravíssimas que pesam sobre governos petistas, acusados de arrecadar propinas para caixa 2 de campanha, o PT levanta a questão dos telefones grampeados para distrair as atenções, colocando-se como sempre o fez, como vítima. Além disso, o partido impediu a portas fechadas que a CPI instalada na Câmara Municipal de Santo André para apurar o esquema de propinas, fosse presenciada e divulgada, inclusive, pela imprensa. Enquanto isto, acumulam-se denúncias de novos desvios que maculam as imaculadas administrações petistas. Como no Rio Grande do Sul, onde foram levantadas perigosas ligações do governo do PT com o jogo do bicho, tenta-se abafar o escândalo. Mesmo porque, o PT sabe que por muito menos Roseana Sarney foi defenestrada da campanha . E perante a acusação, levantada em dezembro de 2000, de que Lula teria vários imóveis, todos em nome de laranjas, o candidato ao invés de mandar tirar tudo a limpo, chama a Polícia Federal de Gestapo e vocifera contra o ministro da Justiça como se já pudesse demiti-lo. Lula ainda ridiculariza os trabalhadores, ao dizer em tom de deboche que os R$ 40.000,00 mensais que a Viação São José teria pago como propina à Prefeitura de Santo André, é troco diante de outros esquemas de corrupção.



Achar pouco essa quantia, significa que ele deve estar mesmo muito rico, o que é estranho para alguém que não trabalha. De fato, Lula, mesmo de terno, gravata, dentes recompostos e cabelo cortado, sempre deixa escapar sua truculência, sua agressividade nata quando dá de dedo na cara do ministro Pedro Malan, taxando-o de incompetente, culpando-o pela crise que faz oscilar as bolsas e subir o dólar. Isso seria engraçado se não fosse trágico, pois Lula só sabe frases de efeito que lhe são ensinadas por seus assessores e seu marketeiro. Numa dessas infelizes frases, comparou o Brasil ao Titanic, sem perceber que ele é o iceberg.



O PT piorou muito ao tentar ocultar as acusações que pairam sobre suas administrações. Com isso cultiva a suspeita sobre sua propalada honestidade e lança a dúvida. É que corrupção cansa, destrói a confiança em nossos representantes, espalha o mau exemplo às novas gerações, denegri nossa imagem. A corrupção, seja praticada por quem quer que for, não se mede por quantias em reais e não pode mais ser tolerada pelos que trabalham, estudam, se esforçam, lutam por uma vida mais dígna, entram em filas, suportam a burocracia, desejam e confiam num futuro maior para seus descendentes.



Quer dizer, a corrupção não pode mais ser aceita pelo povo brasileiro. Lembremos de que o barco do Estado só afundará se com nossos votos não soubermos nos desviar dos icebergs.



*Socióloga, escritora e professora universitária

mlucia@sercomtel.com.br



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