OS PRESIDENCIÁVEIS
Bom seria que fosse verdade o que os presidenciáveis apregoam em suas promessas eleitoreiras. Lamentavelmente, não passa de deslavadas mentiras. E, pior, muitos acreditam e, desta maneira, votam nesse ou naquele mentiroso, dando continuidade aos erros, aos desmandos, à corrupção, à malversação do dinheiro público a que estamos acostumados a testemunhar. O que dizem que vão pôr em prática, se eleitos, geralmente não o fazem.
Quem não se recorda da mão espalmada de Fernando Henrique Cardoso, na sua campanha ao Planalto, mostrando os cinco dedos nas telas das TVs, que representavam as cinco prioridades do seu (futuro) governo: saúde, educação, segurança, previdência social e reforma agrária, se não me engano. Ele cumpriu? Eu não percebi. Confesso que votei no homem. E ele me decepcionou.
A sua preocupação, única, diga-se de passagem, foi encontrar fórmulas mágicas (congelar salários, por exemplo) para reter a inflação, que o Itamar herdou dos seus dois antecessores. Por sinal, péssimos presidentes que este País já fez constar na galeria presidencial, desde Deodoro da Fonseca até hoje. Então, o que fez FHC em benefício do povo? E é bom lembrar que o eminente sociólogo, em tempos outros, dizia-se de esquerda. Esquerda, ao que me consta, define-se como ordem social, baseada em igualdade de princípios, o que Fernando Henrique desobrigou-se, quando recebeu a faixa presidencial. Tornou-se, sim, o que posso até chamar de um “democrata-ditador”, mas ditador dos direitos e das vontades do FMI. E um dia, em maio de 1992 (revista VEJA), como ministro da Fazenda, dissera: “No Brasil é ilusão pensar em resolver a educação, a saúde e a previdência privatizando, com essa massa de carentes.” No entanto privatizou, em detrimento da opinião pública, alguns segmentos, cumprindo fielmente as imposições do Fundo Monetário Internacional. Os cinco dedos espalmados, na sua campanha, fecharam-se, formando uma ostensiva figa, que mais parece uma “banana” àqueles, iguais a mim, que nele esperaram confiantes.
Assim, são esses que estão aí, sem exceção. Não se iludam os brasileiros!
Infelizmente, a plebe ignara ainda se ilude com a loquacidade dos “camelôs” dos palanques ou das praças públicas. Aceita a mercadoria falsificada. Paga o preço exigido pelos ludibriadores da sua ingenuidade. Os nossos presidenciáveis são assim. Estão aí vendendo o seu “peixe”, que considero podre: Não haverá mais miséria nos seus governos. Empregos haverá aos montões. Hospitais super-equipados, atendendo a tempo e a hora, não faltarão para ninguém; os médicos serão bem pagos para isso. Escolas, em todos os níveis, serão para todos, principalmente para os humildes; os professores também serão bem remunerados. O nordestino, tudo faz crer, não vai ter mais problemas com a seca. Pelo visto, no Piauí, vai até nevar, transformando-se em estação para esquiadores. Com o desenvolvimento da agricultura e da indústria a fome será banida de todo o território nacional. As nossas exportações crescerão assustadoramente. O paraíso da Bíblia será humilhado por esse prometido pelos presidenciáveis.
Eles acreditam piamente que nós, seus eleitores, somos imbecis.
Como devemos votar, cumprindo esse dever de cidadão brasileiro, votemos no menos mentiroso, se isso for possível.
Paulo de Góes Andrade – 12 / 07 / 2002
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